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O ramo português do clã Carrascalão

Nas minhas andanças pelas serras algarvias, descobri, numa vilazita pendurada na serra sobranceira à cidade de Faro, primos do clã Carrascalão timorense.

Ainda se encontram em São Brás de Alportel dois membros da família Carrascalão: um sobrinho e um sobrinho neto de Manuel Carrascalão, deportado, nos anos vinte, pelo Estado Novo de Salazar para a então colónia penal de Timor, acusado de actividades subversivas anarco-sindicalistas.

A família Carrascalão era muito conceituada em São Brás de Alportel até ao falecimento do último "velho" Carrascalão, mais conhecido por "Álvaro Cunhal", devido não só a sua parecença física (sobrancelhas exageradamente grossas, rosto seco e cabelo todo branco) com o antigo Secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Álvaro Cunhal, como também pela sua opção ideológica comunista.

Este irmão do patriarca do ramo timorense do clã Carrascalão, Manuel Carrascalão, pai de dois conhecidos políticos timorenses Mário e João Carrasacalão, faleceu de desgosto pela morte "estúpida", por atropelamento numa recta, da esposa, de quem amava muito, deixando-se literalmente morrer.

Contaram-me que o mais brilhante dos irmãos Carrascalão, também anarco-sindicalista próximo do PCP, foi preso e torturado, tendo falecido na prisão. Este mano velho Carrascalão era o modelo de outros dois irmãos, sobretudo o Manuel, tendo este último seguido quase literalmente as pisadas do irmão e sofrido na carne e no espírito, às mãos da antecessora da Pide, as agruras da prisão, tortura e deportação para Timor.

O mano "Álvaro Cunhal" tinha alguns contactos com dois dos sobrinhos timorenses, segundo me contaram. E consta que tinha muito orgulho do irmão deportado, Manuel, e dos sobrinhos. Diziam que em momentos de nostalgia lamentava-se aos seus amigos e vizinhos de não ter sido também deportado para Timor, porque se assim tivesse sido também teria conseguido melhorar a sua vida como o seu irmão Manuel.

Os últimos Carrascalão a residirem ainda em São Brás de Alportel são o filho e neto de "Álvaro Cunhal". O filho esteve emigrado em França (país onde nasceu o neto Fifi). Era conhecido, em França, entre a comunidade emigrante por "Fura Montra". É uma pessoa de compleição física bastante forte, mas de mau fígado. Era amigo do Baco, e quando já bastante etilizado arranjava sempre "pancadaria de meia noite". Por isso, era invariavelmente atirado pela porta fora do café ou restaurante. Daí nasceu a alcunha de "Fura Montra".

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