Avançar para o conteúdo principal

Ideias para ajudar a reintroduzir o português em Timor


Um dos temas fortes das conversações de Lula da Silva com as autoridades timorenses na sua visita a Díli, dia 11 próximo, será naturalmente como pode o Brasil ajudar a fazer crescer e a fortalecer a língua portuguesa, tornando-a, com o tempo, numa das línguas maternas dos timorenses ou na sua segunda língua como já o era até 1975.

Com a visita do Presidente do país com mais falantes de português, o Brasil, vou transcrever um texto meu, que postei a 1 de Abril, expressando, em linhas gerais, o meu pensamento sobre a melhor estratégia a adoptar pelas autoridades timorenses para facilitar a estender de forma gradual e consistente o ensino em português no sistema educativo desde o ensino básico ao secundário.


Português, língua co-oficial de Timor-Leste

A língua portuguesa ainda é falada por timorenses de mais de 35 anos escolarizados no sistema educativo português, antes de Dezembro de 1975.

O objectivo, agora, é voltar a introduzir o português como língua de ensino, cultura e administração do Estado timorense, e desenvolvê-lo no território para que se torne não só o instrumento de trabalho dos timorenses, como também uma janela para o mundo e uma mais valia económica para o país. Pois, através da língua chega-se à economia de um vasto mercado de mais de 200 milhões de pessoas nos cinco continentes, que tiveram ligação histórica com Portugal.

O esforço da cooperação é louvável neste campo, mas não acertou na 'mouche'. Os professores destacados no território estão a formar docentes timorenses, logo gente adulta escolarizada no sistema educativo indonésio, logo não dominam minimamente o português, logo haverá alguma ou mesmo muita dificuldade em transmitir os conhecimentos adquiridos aos seus alunos timorenses em português. É deitar dinheiro dos contribuintes portugueses pelo cano da sanita.

Então qual a alternativa?

1. Abrir uma escola exclusivamente ministrada em língua portuguesa, começando logo no 1º ciclo (ensino primário) e gradualmente estender-se-ia ao pré-secundário e secundário (acompanhando a progressão dos alunos que começaram no primário), em cada um dos treze distritos, tendo como docentes de preferência todos profissionalizados recrutados em Portugal, Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde.
2. Portugal poderia recrutar, num primeiro, momento professores do 1º ciclo (ensino primário), posteriormente do 2º, 3ºciclos e do ensino secundário para cada uma das treze escolas.
3. O Estado timorense poderia abrir concurso para o recrutamento de professores para docentes brasileiros, angolanos, moçambicanos e cabo-verdianos. São professores mais baratos, em termos de salário, que os portugueses. Por isso, é suportável pelo orçamento de estado timorense.
4. E recrutar-se-iam igualmente docentes timorenses, falantes de português e profissionalizados, com o mesmo salário dos restantes docentes contratados, excepto portugueses (estes naturalmente mais caros).
5. Numa mesma escola, coexistiriam docentes de várias proveniências.
6. Aos docentes estrangeiros o Estado timorense disponibilizaria alojamento adequado nos distritos onde iriam leccionar.
6. As restantes escolas da rede pública timorense continuariam a ser asseguradas por professores timorenses até se chegar a uma altura (15 anos depois) em que os alunos saídos das treze escolas propostas assegurariam por sua vez a docência nas restantes escolas referidas.

Estes são um apanhado de ideias para ajudar a fazer crescer a língua portuguesa, na terra do crocodilo.

_______________________________

1 comentário:

Jojô disse...

O projeto é bom, mas não poderá deixar de incluir o ensino português nas escolas já existentes como segunda língua e não pode esquecer que a convivência de professores de várias origens implicará na necessidade de convivência de métodos de ensino diferentes.

1 de Abril de 2008 22:17

Comentários

Mensagens populares deste blogue

23/01: o modelo ADD do ME pode vir a ser suspenso!

Paulo Portas - no seu discurso de encerramento do Congresso do CDS-PP - solicitou ao Secretário-geral do Partido Socialista José Sócrates para conceder liberdade de voto aos deputados da bancada do PS na votação da proposta do seu partido do diploma de um novo modelo de avaliação do desempenho docente agendada para dia 23/01, 6ª feira.

Governo PS dos Açores suspendeu a ADD!!

O governo do Partido Socialista dos Açores suspendeu o modelo de avaliação do desempenho de professores imposto pela equipa da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, substituindo-o por um modelo simplificado de avaliação. Mais: vai 'reconstruir' a carreira dos docentes contando também para a progressão da carreira os dois anos e quatro meses congelados pela 'reforma' do PM Sócrates.. A questão que se impõe agora é a seguinte: A República Portuguesa é ou não um Estado Unitário?!