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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2009

Carnaval de Díli

Depois de um interregno de 34 anos, 'renasceu' o Carnaval de Díli. Este é diferente do carnaval de há 34 e mais anos! O carnaval de então era mais espontâneo na brincadeira e no espectáculo que proporcionava aos habitantes de cada bairro. Nas brincadeiras, participavam - sem excepção - novos e velhos, mulheres e crianças: consistiam em atirar uns contra os outros farinha (sobretudo) e alguns raros ovos (dizem que podres!). Para além de sujar a vestimenta de outros participantes com farinha e ovos, organizavam-se também desfiles de 'matronas' (transformistas) - homens vestidos de mulher com traje ocidental ou timorense, que faziam furor na miudagem - encabeçados por uma banda de rebecas, ukuleles e tambores. Diziam que o desfile mais famoso - nos anos setenta - era o da 'escola' de Kuluhun! Nesse dia era permitido atirar farinha e ovos a qualquer um que passasse pela rua do bairro. Mas havia uma excepção: nunca sujar alguém fardado - seja agente da polícia, sold

Tasi-tolu deve ser protegida

Vista parcial das três lagoas de Taci-Tólu - a partir das escadarias que conduzem ao monumento de João Paulo II, "o Papa que colocou Timor no mapa" (Aparecido de Oliveira: 1989). Estas lagoas devem ser bem protegidas da excessiva proximidade de edificações humanas. Sou de opinião que se deve demolir algumas estruturas gigantescas da margem esquerda visíveis nesta fotografia. E replantar as espécies nativas próprias deste ecossistema que foram cortadas para dar lugar àqueles edifícios. Este é o meu recado à Secretaria de Estado do Ambiente timorense.

Ivo Rosa de novo em Díli!

O juiz Ivo Rosa recorreu da decisão do Conselho Superior da Magistratura que o afastou do Tribunal de Recursos, tendo o TR lhe dado razão e aí está de novo o meretíssimo juiz de direito (ou não será mais 'político', como no Tribunal Plenário do Estado Novo?!), apoiante da oposição alkatirista, no 'palco' a dar uma preciosa ajudinha a sua Fretilin Maputo, acusando nos media o governo de Xanana Gusmão e a Presidência da República de interferência nas suas doutas sentenças e outras tais inteligentíssimas decisões (mandados de captura - sem ter em conta o contexto sócio-político e a consequência última da detenção da pessoa visada -, e acórdãos cujas partes vão contra a Constituição da República timorense). O juiz Rosa recorreu e tanto lutou para conseguir de volta o seu cargo de juiz do Tribunal de Recursos, mas o meretíssimo parece desdenhar deste seu púlpito e diz, para quem o quisesse ouvir, que não tenciona renovar o seu contrato (que vai terminar em Março próximo)! Cá

Estou de volta!

Tenho estado fora das várias discussões sobre algumas temáticas 'quentes' relacionadas com Timor-Leste, não por vontade deliberada de me colocar fora do 'debate', mas por motivo outro - igualmente importante para a cidadania, liberdade e democracia em qualquer país do mundo - que é a actual luta dos professores contra a tirania, a prepotência e a mesquinhez de quem nos governa, neste momento. Posso estar a correr o risco de sofrer represálias por desobediência a leis erradas, a leis ilegais e a leis inconstitucionais por não entregar, como professor, os chamados "Objectivos Individuais", cuja obrigatoriedade nada consta em nenhuma legislação aplicável que rege o ensino e a educação em Portugal. Posso também vir a correr o risco de sofrer o "mobbing" (o 'bullying' no ambiente laboral)... Mas não importa! Sei que a razão está do lado dos professores... Sou mais de quebrar que vergar... quando a razão me assiste. Passando a minha outra frente de

Uma carta aberta

«É com escolas como esta que retomo o orgulho de sempre em ser professor depois de o ter perdido como português ... deste cada vez mais desgraçado Portugal. OBRIGADO, Escola Secundária Dr. Jaime Magalhães Lima de Esgueira (Aveiro). DIVULGA!» Ex.mo Sr. Director Geral dos Recursos Humanos da Educação Relativamente ao vosso documento “Esclarecimentos solicitados pelas escolas – Fixação de objectivos individuais” emanado pela DGRHE na segunda-feira, dia 9 de Fevereiro, os professores da Escola Secundária c/ 3º CEB Dr. Jaime Magalhães Lima vêm tecer as seguintes apreciações: Em primeiro lugar todo e qualquer documento legal carece de assinatura individualizada e nominal do responsável, ou responsáveis, pela procedência do mesmo, sob pena de o seu valor tornar-se legalmente incipiente, o que acontece com a vossa missiva informativa, pois no final da redacção apenas aparece “A DGRHE – Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação”, a qual é tão-somente uma instituição colectiva, mas abstrac

Poema Pouco Original do Medo

O medo vai ter tudo pernas ambulâncias e o luxo blindado de alguns automóveis Vai ter olhos onde ninguém o veja mãozinhas cautelosas enredos quase inocentes ouvidos não só nas paredes mas também no chão no tecto no murmúrio dos esgotos e talvez até (cautela!) ouvidos nos teus ouvidos O medo vai ter tudo fantasmas na ópera sessões contínuas de espiritismo milagres cortejos frases corajosas meninas exemplares seguras casas de penhor maliciosas casas de passe conferências várias congressos muitos óptimos empregos poemas originais e poemas como este projectos altamente porcos heróis (o medo vai ter heróis!) costureiras reais e irreais operários (assim assim) escriturários (muitos) intelectuais (o que se sabe) a tua voz talvez talvez a minha com a certeza a deles Vai ter capitais países suspeitas como toda a gente muitíssimos amigos beijos namorados esverdeados amantes silenciosos ardentes e angustiados Ah o medo vai ter tudo tudo (Penso no que o medo vai ter e tenho medo que é justamente o

Um pouco de poesia (2)

Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável Depois agarraram uns desempregados Mas como tenho meu emprego Também não me importei Agora estão me levando Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém Ninguém se importa comigo. Bertold Brecht (1898-1956)

NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI

Assim como a criança humildemente afaga a imagem do herói, assim me aproximo de ti, Maiakóvski. Não importa o que me possa acontecer por andar ombro a ombro com um poeta soviético. Lendo teus versos, aprendi a ter coragem. Tu sabes, conheces melhor do que eu a velha história. Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na Segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada. Nos dias que correm a ninguém é dado repousar a cabeça alheia ao terror. Os humildes baixam a cerviz; e nós, que não temos pacto algum com os senhores do mundo, por temor nos calamos. No silêncio de meu quarto a ousadia me afogueia as faces e eu fantasio um levante; mas amanhã, diante do juiz, talvez meus lábios calem a verdade como um foco de germes capaz de me destrui

Um pouco de poesia

Um dia, vieram e levaram o meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram o meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar... Martin Niemöller ___________________ Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada. Poema atribuído ao poeta russo Maiakovski , mas alguns críticos defendem que é excerto de um poema do poeta brasileiro Eduardo Alves da Costa .