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Acordo Ortográfico: Reforma reforça papel de referência da língua portuguesa - Seixas da Costa

São Paulo, Brasil, 28 Jul (Lusa) - A reforma ortográfica e a promoção internacional do idioma vão reforçar o papel de referência da língua portuguesa, declarou hoje o embaixador de Portugal em Brasília.

Numa artigo publicado no jornal O Globo, Francisco Seixas da Costa salientou a importância da uniformização da ortografia do idioma "de modo a poder prestigiar-se como uma língua internacional de referência".

"Provavelmente nunca chegaremos a uma língua portuguesa que seja escrita de um modo exactamente igual por todos quantos a falam de formas bem diferentes", observou, mas "o acordo ortográfico que está em curso de aplicação pode ajudar muito a evitar que a grafia da língua portuguesa se vá afastando cada vez mais".-

Intitulado "A língua do mar", o artigo realçou o facto de a Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada na semana passada em Lisboa, ter tido "o tema da língua no centro da sua agenda".

"O português é, sem sombra de dúvida, uma das quatro grandes línguas de cultura do mundo, não obstante outras poderem ter mais falantes", assinalou.

"Nessa língua se exprimem civilizações muito diferentes, da África a Timor, da América à Europa - sem contar com milhões de pessoas em diversas comunidades espalhadas pelo mundo", frisou.

Para o diplomata, "a língua portuguesa não é propriedade de nenhum país, é de quem nela se exprime, não assenta hoje - nem assentará nunca - em normas fonéticas ou sintácticas únicas, da mesma maneira que as palavras usadas pelos falantes em cada país constituem um imenso e inesgotável manancial de termos, com origens muito diversas, que só o tempo e as trocas culturais podem ajudar a serem conhecidos melhor por todos".

O embaixador português avançou que o acordo ortográfico foi assinado em 1990, com entrada em vigor a 01 de Janeiro de 1994, desde que fosse ratificado pelos membros da CPLP.

"Quero aproveitar para sublinhar uma realidade muitas vezes escamoteada: Portugal foi o primeiro país a ratificar o acordo ortográfico, logo em 1991. Se todos os restantes Estados da CPLP tivessem procedido de forma idêntica, desde 1994 que a nossa escrita seria já bastante mais próxima", observou.

Como não foi ratificada, foi necessário criar protocolos adicionais, o primeiro para eliminar a data de 1994, e o segundo para incluir Timor-Leste e para criar a possibilidade de implementação com apenas três ratificações.

"Na votação que o Parlamento português fez, há escassos meses, desse segundo protocolo, apenas três votos se expressaram contra", referiu.

"Isto prova bem - prosseguiu - que, no plano oficial, há em Portugal uma firme determinação de colocar o acordo em vigor, não obstante existirem, na sociedade civil portuguesa - como aliás, acontece em outros países, mesmo no Brasil -, vozes que o acham inadequado ou irrelevante".

Seixas da Costa destacou ainda a recente criação por parte de Portugal de um fundo para a promoção do idioma, com uma verba inicial de 30 milhões de euros e aberto à contribuição de outros países.

"Esperamos que esta medida, ligada às decisões comuns que agora saíram da Cimeira de Lisboa da CPLP, possa ajudar a dar início a um tempo novo para que o português se firme cada vez mais no mundo, como instrumento de poder e de influência de quantos o utilizam", disse.

MAN.
28 de Julho de 2008

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