Estudantes protestam contra compra de viaturas para deputados
O presidente do Parlamento Nacional de Timor-Leste recebeu os estudantes universitários que se manifestam em Díli, mas informou que vai avançar com a compra de carros para todos os deputados.
Os estudantes, que há um mês se manifestaram pela primeira vez contra a aquisição de 65 viaturas “4x4” pelo Parlamento, anunciaram que o protesto vai continuar até sexta-feira, como previsto.
Três representantes das associações de estudantes foram recebidos ao final da manhã por Fernando “La Sama” de Araújo e Vicente Guterres, presidente e vice-presidente do Parlamento timorense, respectivamente.
““La Sama” de Araújo disse que não vai cancelar a compra dos carros de luxo e nós dissemos que vamos manter a manifestação até ao quinto dia”, sexta-feira, afirmou, à saída do encontro, o estudante Marcos Guterres Gusmão.
A polícia procedeu hoje de manhã a 16 detenções, mas o protesto na Universidade Nacional Timor Lorosae (UNTL) decorreu sem as cenas violentas que marcaram segunda-feira o reinício das manifestações em Díli.
Os estudantes universitários timorenses protestam contra a anunciada aquisição de viaturas para todos os 65 deputados, tendo-se reunido no campus da universidade, no lado oposto da rua do Parlamento Nacional, no centro de Díli, e no Campo da Democracia, a poucas centenas de metros.
Os 21 estudantes detidos segunda-feira diante da UNTL pela polícia continuam à guarda das autoridades no quartel-general da Polícia Nacional (PNTL) em Caicoli, Díli, e serão presentes a um juiz na quinta-feira.
O subcomissário Carlos Pereira, comandante-interino da Polícia das Nações Unidas (UNPol) no distrito de Díli, afirmou à Agência Lusa no local que “hoje aconteceu o mesmo que ontem (segunda-feira): a polícia procedeu a detenções numa manifestação ilegal”.
“Tivemos várias reuniões na semana passada com os estudantes. Um grupo aceitou o Campo da Democracia para se manifestar, porque a lei não permite a manifestação na UNTL”, a menos dos cem metros exigidos por lei.
“Mas outro grupo, ao fim de oito horas de reunião, insistiu em fazer a manifestação diante do Parlamento”, explicou o oficial português da UNPol.
Um grupo de ex-prisioneiros políticos timorenses, incluindo figuras conhecidas da resistência timorense à ocupação indonésia, exigiu hoje “a libertação imediata e incondicional” dos estudantes detidos pela polícia na sequência de uma intervenção com granadas de gás lacrimogéneo.
“Não havia necessidade de uma intervenção policial como aquela”, afirmou à Lusa o presidente da Associação dos Ex-Prisioneiros Políticos timorenses (ASEPOL), Jacinto Alves, que é um dos elementos da Comissão de Verdade e Amizade, criada para investigar os crimes cometidos em 1999.
“Houve um uso excessivo da força porque a manifestação era pacífica e não havia emergência nenhuma”, acrescentou à Lusa um outro elemento da ASEPOL, Gregório Saldanha, um dos sobreviventes do massacre do Cemitério de Santa Cruz em 1991.
“Não estamos aqui pela política nem representamos nenhum partido”, sublinhou o conhecido activista timorense e ex-líder estudantil, acrescentando que “a via para resolver os problemas não é a da violência mas a do diálogo”.
Os estudantes detidos pela polícia são acusados de crime de desobediência.
Entre as forças das Nações Unidas presentes diante da UNTL, em apoio da Task Force da PNTL, era consensual a opinião de que a unidade timorense “estava muito nervosa ontem (segunda-feira) e agiu de uma maneira que acirrou os ânimos”.
A Task Force, criada em Dezembro de 2007 por decisão do Governo, teve na manifestação estudantil da UNTL a primeira intervenção com enquadramento directo da UNPol desde os ataques de 11 de Fevereiro contra o Presidente da República e o primeiro-ministro.
“Teoricamente”, como salientaram oficiais da UNPol contactados pela Lusa, toda a estrutura da PNTL está “sob a responsabilidade executiva” da polícia internacional desde a crise de 2006.
A prática, no entanto, foi de efectiva autonomia operacional da Task Force e de outras estruturas da PNTL nos meses em que durou o Comando Conjunto da Operação “Halibur” (PNTL e Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste), até ao mês de Junho.
Lusa/Açoriano Oriental online, 2008-07-08
O presidente do Parlamento Nacional de Timor-Leste recebeu os estudantes universitários que se manifestam em Díli, mas informou que vai avançar com a compra de carros para todos os deputados.
Os estudantes, que há um mês se manifestaram pela primeira vez contra a aquisição de 65 viaturas “4x4” pelo Parlamento, anunciaram que o protesto vai continuar até sexta-feira, como previsto.
Três representantes das associações de estudantes foram recebidos ao final da manhã por Fernando “La Sama” de Araújo e Vicente Guterres, presidente e vice-presidente do Parlamento timorense, respectivamente.
““La Sama” de Araújo disse que não vai cancelar a compra dos carros de luxo e nós dissemos que vamos manter a manifestação até ao quinto dia”, sexta-feira, afirmou, à saída do encontro, o estudante Marcos Guterres Gusmão.
A polícia procedeu hoje de manhã a 16 detenções, mas o protesto na Universidade Nacional Timor Lorosae (UNTL) decorreu sem as cenas violentas que marcaram segunda-feira o reinício das manifestações em Díli.
Os estudantes universitários timorenses protestam contra a anunciada aquisição de viaturas para todos os 65 deputados, tendo-se reunido no campus da universidade, no lado oposto da rua do Parlamento Nacional, no centro de Díli, e no Campo da Democracia, a poucas centenas de metros.
Os 21 estudantes detidos segunda-feira diante da UNTL pela polícia continuam à guarda das autoridades no quartel-general da Polícia Nacional (PNTL) em Caicoli, Díli, e serão presentes a um juiz na quinta-feira.
O subcomissário Carlos Pereira, comandante-interino da Polícia das Nações Unidas (UNPol) no distrito de Díli, afirmou à Agência Lusa no local que “hoje aconteceu o mesmo que ontem (segunda-feira): a polícia procedeu a detenções numa manifestação ilegal”.
“Tivemos várias reuniões na semana passada com os estudantes. Um grupo aceitou o Campo da Democracia para se manifestar, porque a lei não permite a manifestação na UNTL”, a menos dos cem metros exigidos por lei.
“Mas outro grupo, ao fim de oito horas de reunião, insistiu em fazer a manifestação diante do Parlamento”, explicou o oficial português da UNPol.
Um grupo de ex-prisioneiros políticos timorenses, incluindo figuras conhecidas da resistência timorense à ocupação indonésia, exigiu hoje “a libertação imediata e incondicional” dos estudantes detidos pela polícia na sequência de uma intervenção com granadas de gás lacrimogéneo.
“Não havia necessidade de uma intervenção policial como aquela”, afirmou à Lusa o presidente da Associação dos Ex-Prisioneiros Políticos timorenses (ASEPOL), Jacinto Alves, que é um dos elementos da Comissão de Verdade e Amizade, criada para investigar os crimes cometidos em 1999.
“Houve um uso excessivo da força porque a manifestação era pacífica e não havia emergência nenhuma”, acrescentou à Lusa um outro elemento da ASEPOL, Gregório Saldanha, um dos sobreviventes do massacre do Cemitério de Santa Cruz em 1991.
“Não estamos aqui pela política nem representamos nenhum partido”, sublinhou o conhecido activista timorense e ex-líder estudantil, acrescentando que “a via para resolver os problemas não é a da violência mas a do diálogo”.
Os estudantes detidos pela polícia são acusados de crime de desobediência.
Entre as forças das Nações Unidas presentes diante da UNTL, em apoio da Task Force da PNTL, era consensual a opinião de que a unidade timorense “estava muito nervosa ontem (segunda-feira) e agiu de uma maneira que acirrou os ânimos”.
A Task Force, criada em Dezembro de 2007 por decisão do Governo, teve na manifestação estudantil da UNTL a primeira intervenção com enquadramento directo da UNPol desde os ataques de 11 de Fevereiro contra o Presidente da República e o primeiro-ministro.
“Teoricamente”, como salientaram oficiais da UNPol contactados pela Lusa, toda a estrutura da PNTL está “sob a responsabilidade executiva” da polícia internacional desde a crise de 2006.
A prática, no entanto, foi de efectiva autonomia operacional da Task Force e de outras estruturas da PNTL nos meses em que durou o Comando Conjunto da Operação “Halibur” (PNTL e Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste), até ao mês de Junho.
Lusa/Açoriano Oriental online, 2008-07-08
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