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Nelson Santos sob investigação

Sobrinho de Manuel Abrantes suspeito de peculato

Enquanto houverem senhores como este que e' o objecto do seguinte email Timor nunca sera o paraiso que pode ser.

O que se segue e' um documento que deixei no TLN em forma de comentario e que expoem o embaixador Nelson Santos (mais um dos falsos mauberes e neo-fascista da Fretilin) como um usurpador de fundos do povo.

O texto que transcrevo mais abaixo e' a traducao para Portugues do original em Ingles de uma comunicacao email interceptada entre o Director Nacional de Administracao do Ministerio dos Negocios Estrangeiros e o seu Ministro, Zacarias da Costa.

Espero que o blog O Eca ajude a desmascarar esses senhores corruptos, que sendo do partido historico que alegadamente so defende os interesses do povo mas que na realidade sao sempre os primeiros a roubar ao povo.

Faca-se conhecer a todo o mundo se possivel em destaque na pagina principal do blog com a respectiva foto do senhor.

“[Veja só esta!!!!!!!!!.....Ouvi dizer que o apartamento extra era para a "ama diplomática"...ele deu a ela um passaporte diplomático...quando ele era secretário geral..no MNE...hahahah!] (comentario da minha fonte)
____________________________

Sua Excelência, Dr. Zacarias Albano da Costa

Ministro de Negócios Estrangeiros - RDTL

Excelência,

Tenho a honra de lhe escrever em relação às despesas relacionadas com as necessidades privadas do Embaixador Nelson Santos em que o Embaixador usou o dinheiro da Embaixada para financiar:

As seguintes são as despesas detectadas pela Direcção Nacional de Administração, Ministério de Negócios Estrangeiros:
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Pagamentos para actividades extra-curriculares dos filhos do Embaixador Nelson Santos totalizam USD$4,600.

1. 31 de Janeiro, pagamento do custo de ensino do programa extra-curricular para Daniela e Yuri Santos, filhas do Embaixador Nelson Santos; montante USD$500

2. 14 de Março 2008, pagamento do custo de ensino do programa extra-curricular para Daniela e Yuri Santos, filhas do Embaixador Nelson Santos; montante USD$500

3. 10 de Abril 2008, pagamento do custo de ensino do programa extra-curricular para Daniela e Yuri Santos, filhas do Embaixador Nelson Santos; montante USD$500

4. 01 de Maio 2008, pagamento do custo de ensino do programa extra-curricular para Daniela e Yuri Santos, filhas do Embaixador Nelson Santos; montante USD$500

5. 28 de Maio 2008, pagamento do custo de ensino do programa extra-curricular para Daniela e Yuri Santos, filhas do Embaixador Nelson Santos; montante USD$500

6. 15 de Julho 2008, pagamento do custo de ensino do programa extra-curricular para Daniela e Yuri Santos, filhas do Embaixador Nelson Santos; montante USD$1,600

7. 05 de Setembro 2008, pagamento do custo de ensino do programa extra-curricular para Daniela e Yuri Santos, filhas do Embaixador Nelson Santos; montante USD$500

*Razão: *

Este é o único caso em que o Embaixador Nelson Santos usou incorrectamente os fundos da Embaixada para pagar a educação das suas filhas, neste caso, sem qualquer autorização do Ministério de Negócios Estrangeiros, Sua Excelência.
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*Pagamento para o Aluguer do Apartamento Privado e serviços relacionados do Embaixador Nelson Santos*

08 de Fevereiro 2008, Pagamento do aluguer do apartamento do Embaixador de Março à Julho de 2008, montante USD$11,000.

08 de Fevereiro 2008, pagamento dos custos do agente para o apartamento do Embaixador Nelson Santos, montante USD$4,000

08 de Março 2008, pagamento da remoção da divisoria na residência privada do Embaixador Nelson Santos, montante USD$1,358.54.

26 de Junho 2008, pagamento do aluguer do apartamento do Embaixador de Agosto à Dezembro de 2008, montante USD$11,000.

*Razão: *

1. Foi pago ao Embaixador Nelson Santos o subsídio de alojamento diretamente para a sua conta bancária privada. Em vez de usar o seu subsídio de alojamento para pagar o aluguer privado, ele usou o dinheiro dos bens e serviços da Embaixada para pagar o aluguer privado.

2. O Embaixador Nelson Santos recebeu o seu subsídio de três meses de estabelecimento. Este dinheiro é o dinheiro que deve ser usado para se estabelecer uma vez estando no seu posto de trabalho, e não usar o dinheiro dos bens e serviços da Embaixada para pagar os custos do agente.

3. O Embaixador ampliou o seu apartamento privado com mais um outro apartamento; o que resultou no Embaixador passar a ter dois apartamentos privados. A remoção da divisória na sua residência privada reprezenta uma despesa privada que não pode ser cobrada àos bens e serviços da Embaixada.

Total de despesas é USD$27,358.54 relacionadas ao pagamento do aluguer do apartamento privado do Embaixador e de outros serviços relacionados.
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*Despesas diversas no apartamento privado do Embaixador Nelson Santos*

29 de fevereiro 2008 pagamento para items diversos na residência do Embaixador Nelson Santos no montante de USD$1,500 consistindo (entre outros):

1. *Artigos de cuidado pessoal*
2. *Sabão de banho*
3. *Colchão de Casal Zupem *
4. *Cama Belixe *
5. *Armário de 5 gavetas *
6. *Colchão de Casal Sakura*
7. *numerosos pagamentos para items não estipulados*

29 de Fevereiro 2008, pagamento para items diversos na residência do Embaixador no montante de USD$81.05 consistindo de:

1. *Um item sem descrição *
2. *Porta toalhas *
3. *OTD Rack *
4. *Prateleira de Chuveiro*

29 de Abril 2008, pagamento para items diversos na residência do Embaixador no montante de USD$111.53 consistindo de:

1. *Espanador 'Swiffer'*
2. *Conair Infin *
3. *20x Area Tapete *
4. *OTD Rack *

29 de Fevereiro 2008, pagamento para items diversos na residência do Embaixador no montante de USD$467.85 consistindo (entre outros):

1. *Porta Escova de Dentes*
2. *Bomba Doseadora de sabão*
3. *Frasco de Algodão *
4. *Porta Sabonete *
5. *Caixote de Lixo*
6. *Escova de Banho *
7. *Oxo Squeege *
8. *Tapete de Banheiro *
9. *Toalha de Mão *
10. *Toalha de Banho *
11. *Bomba Doseadora de Sabão*
12. *Tumbler *
13. *Tension Rod *
14. *Porta Toalhas *
15. *Papel Higiénico 'Scott Bath' *
16. *Produto de limpeza 'Clorox' *
17. *Produto de limpeza anti-bolor 'Tilex Mold' *
18. *Regador *
19. *Pldege *
20. *Shake 'n Feed *
21. *Aspirador 'Prontovacuum' *
22. *Bálsamo para dor de costas 'Backaaid' *
23. *Bálsamo de Tigre morno*

*Total das despesas privadas diversas do Embaixador é USD$2,160.43*

*Razão*

As despesas acima mencionadas representam despesas privadas. O Embaixador Nelson Santos recebeu o seu subsídio de custos de vida, assim como o subsídio de alojamento como outros diplomatas de Timor-Leste colocados no estrangeiro. O Embaixador tem que usar o seu subsídio de custos de vida para as necessidades privadas, e não usar o dinheiro de Bens e Servicos para pagar estas despesas.
* ------------------------------------------------------------------------------
*
**
*Clube de Saúde do Embaixador - Gym - Foti Besi *
**
Foi detectado uma fatura de pagamento em Dili que inclui a despesa da ida do Embaixador à um clube de saúde privado - ginásio - Foti Besi para exercitar e o Embaixador usou o dinheiro dos bens e serviços da Embaixada para pagar.
*----------------------------------------------------------------------*
**
*O total de todas as despesas privadas para as quais o Embaixador Nelson Santos usou o dinheiro dos bens e serviços da Embaixada para pagar é de USD$34,118.97, mais as do Clube de Saude - Foti Besi.*
**
Pela amável atenção de Sua Excelência, por favor aceite o meu sincero sentido de respeito.

*Felizberto de Araujo Duarte (Tony) *
*Diretor Nacional de Administração *
*Ministério dos Negócios Estrangeiros *
*Timor-Leste *
*Telemóvel: +670 723 0072 *"
____________________________

O Eça: Infelizmente, não tenho nenhuma foto do embaixador Nelson Santos para acompanhar esta postagem sobre a sua 'odisseia' num posto diplomático que um nosso comentarista teve a amabilidade de nos enviar através da caixa de comenário. Obrigado ao nosso anónimo colaborador.

Comentários

Sebastião,

há uma foto em http://timorlorosaenacao.blogspot.com/2008/02/governo-de-timor-leste-pede-forte.html

Abraço,
M.
Sebastião, encontrei outra fora do TLN:

http://www.iaed.org/images/nelson_santos2_w1.jpg

Espero não estar enganada na pessoa!!!
Anónimo disse…
DEMISSAO IMEDIATA PARA O NELSON SANTOS!
Anónimo disse…
Alo Dili

Se Nelson Santos sob a investigacao a justica e para todos entao a sra ladra Lucia Lobato esta a solta com contractos directos ao marido Americo, fornecimento do gasol a central, a compra de fardamento, a disponibilidade do credito do estado de 3.5 milhoes de dolares. Os contractos da compra de arroz da companhia de 3 amigos do amigo do Xanana o Germano. Esqueceram de por ao publico as investigacoes do atentado ao Horta e a morte do Alfredo que Lasama e o PD que tanto apoiaram na crise de 2006. Quem foram os autores da crise apoiado pelo antigo governo austaliano.Os criminosos andam a solta como o Railos contractor do Xanana quando sera o julgamento dos implicados no grupo do Alfredo.

DEMISSAO IMEDIATA PARA OS golpistas da crise de 2006 que estao agora no poder e os corruptos no governo

Adeus

De Aikurus
Sebastião disse…
Olá Margarida,

Como as aulas começaram hoje não tenho dedicado mais tempo para o blogue, pelo facto só vi o seu comentário agora mesmo.

Relativamente à foto do embaixador Nelson Santos não consegui colá-la na postagem por simples ignorância minha ou a foto da net (tanto do TLN como a outra) devia estar protegida pelo direito de autor!

Abraço de
Sebastião
Sebastião,

enviei-lhe um e-mail com as fotos.

Abraço,
Sebastião disse…
Meu caro Aikurus,

Seja bem vindo!

Somos velhos conhecidos no tempo da 1ª fase do TLN em que intervinham muitos mais comentaristas dos dois lados da barricada, nomeadamente:i) fretilinistas maputanos (vulgo alkatiristas)- a 'saudosa'? Margarida, você, meu caro Aikurus, Katuas Taibessi, H Correia (este muito depois, porque andava mais entretido no Timor Online; era o último sobrevivente do referido blogue para além do Malai Azul), Malai Azul e mais um ou outro que não me recordo do nome; ii) os não fretilinos maputistas - o JT, Sakunar Sakana, ALK, Ai Leba Kain e mais um ou outro que me recordo do nome.

Por isso, meu caro Aikurus, sobre os 'golpistas' de 11 de Fevereiro de 2008 sabemos muito bem quem foram os autores, e quem andava com os 'premilinares' meses e semanas antes dos atentatos para a decapitação do Estado timorense (incapacitação do PR e PM respectivamente), inclusive a realização, montagem, edição e distribuição do célebre video do monólogo do Reinado.

Agora, um parêntesis: algo me diz que nós os dois nos conhecemos!

Aceite um abraço.
Sebastião
Anónimo disse…
Alo Dili

Peco o Eca que publicassem este documento saido do Alkatiri sobre o ano de governacao de Xanana.

Adeus

de Aikurus


Subject: Timor-Leste. 2008: O Ano do Escangalhamento das Instituições do Estado

TIMOR-LESTE:

2008: O Ano do Escangalhamento das Instituições do Estado

por

Mari Alkatiri


(I Parte)

Falar de Timor-Leste, sua resistência heróica, sem falar de Xanana é,
no mínimo, negar a História. Mas Xanana não teria existido sem a
FRETILIN e não se teria tornado Comandante sem as FALINTIL.

Quando se fala do Xanana, deve-se falar do Xanana membro do Comité
Central da FRETILIN de 1975 a 1981, Líder da FRETILIN e da Resistência
e Comandante máximo das FALINTIL anos 80/90, mas também, agora, do
Xanana como Presidente da República e como Primeiro Ministro de facto.

Para falar de Xanana, como homem de Estado de modo a que todos
percebam é fundamental fazer-se uma muito breve retrospectiva
explicativa do aparecimento desta individualidade na história da
resistência de Timor-Leste.

Xanana, ex-aluno do Seminário de Dare, já nos últimos anos do
colonialismo português ensaiou-se como poeta e, imitando Luís de
Camões, escreveu "Os Mauberíadas". Com esta inscrição nas letras,
ainda que de forma muito naïv, Xanana começou a tornar-se numa figura
conhecida na pequena praça de Dili.

Em 1974, após o 25 de Abril, Xanana assitia ausente todo a
movimentação política, em particular, de um grupo de jóvens para
criar a ASDT (Associação Social-Democrata de Timor) . Mesmo quando
esta se dissolveu para dar lugar a FRETILIN, em Setembro de 1974,
Xanana continuou ausente. Posteriormente adere a FRETILIN e,
juntamente com Francisco Borja da Costa, Julio Alfaro, entre outros,
garante a publicação do NACROMA, voz autorizada da FRETILIN. Aqui
aplica-se muito como repórter fotográfico, tendência que mais tarde
procura reeditar, com a sua máquina fotográfica a tira-colo. ( Por
isso, costumo brincar com Xanana dizendo que para se ser Presidente em
Timor-Leste é preciso ser-se primeiro um fotógrafo mal sucedido).

Quando a 11 de Agosto de 1975 a UDT desencadeou a acção militar contra
a FRETILIN, Xanana junta-se aos membros do Comité Central da FRETILIN,
liderados por Nicolau Lobato, e retira-se para Balibar. No dia
seguinte, a 12 de Agosto, Xanana voluntariou- se para regressar a Dili
e trazer a missão de tentar estabelecer contactos com alguns Sargentos
e Oficiais timorenses nas Forças Armadas Portuguesas a fim de obter
deles apoio na reposição da Lei e da Ordem. Logo à chegada a cidade
capital foi detectado, detido, interrogado e posto imediatamente em
liberdade. Dias depois Xanana Gusmão foi preso em casa do Xavier do Amaral onde alguns membros do Comité Central da FRETILIN se
encontravam concentrados. Foi levado para o Quartel da UDT, mais
conhecido por "Palapaço", de onde, como resultado da contraofensiva
lançada pela FRETILIN, foi liberto, juntamente com largas dezenas de
membros da FRETILIN, dentre eles o conhecido Líder Vicente Reis Sa'he.

Quando as Forças de Suharto invadiram Timor-Leste, Xanana
encontrava-se próximo da fronteira. Em Maio de 1977 participou na
longa reunião alargada do Comité Central em Soibada onde se traçou a
estratégia da Luta Popular e Prolongada. Xanana foi colocado mais
tarde na Ponta Leste como adjunto do Comissário Político daquela
Região.

A 31 de Dezembro de 1978 Nicolau Lobato, Presidente da FRETILIN e da
República Democrática de Timor-Leste e Comandante-Chefe das FALINTIL,
morre em combate. Durante os primeiros meses de 1979 outros altos
dirigentes da FRETILIN e do Governo da RDTL seguiram o seu exemplo,
emolando-se pela Pátria. Na região Ponta Leste estavam Xanana, Ma'Huno
e Tchai como adjuntos do Comissário Político Juvenal Inácio, alias,
Serakey. Serakey e Tchai também acabaram por morrer. Mais para a
Região Centro Leste estava Mau Hodu e os seus companheiros
sobreviventes da operação de cerco e aniquilamento lançada pelas
Forças de Suharto. Antes das grandes crises, para evitar o genocídio
total, a Liderança decidira ordenar a rendição das populações das
zonas controladas pela FRETILIN. Em meados de 1979, as bases de apoio
à guerrilha nas zonas controladas pela FRETILIN deixaram de existr. De
uma forma mitigada passaram para as zonas controladas pelas Forças de
Suharto. (Pois era nas aldeias estratégicas ou campos de concentração
onde Xanana e outros sobreviventes foram enconrando refúgio quando
eram perseguidos nas montanhas durante os longos anos de resistência).
Mais de duzentas mil pessoas tinham sido mortas. As Forças ficaram
reduzidas a pequenas bolsas de homens mal armados aqui e acolá.

Foi nesta situação de crise sem paralelo que Xanana se afirmou como
Lider de uma nova fase de Luta. Este é o seu inegável mérito. Para
todo o sempre isto deve ser reconhecido. Depois de muito esforço de
localização das bolsas de resistência, em Março de 1981, convocou a
Conferência Nacional da FRETILIN, conferência que estabeleu as bases
para a reorganização da FRETILIN e das FALINTIL. Assim, sob a
liderança de Xanana foi criado o Partido Marxista-Leninista FRETILIN,
partido que foi dissolvido em 1984 por se considerar inadequado para a
realidade da luta em Timor-Leste. Criou-se também o Conselho
Revolucionário da Resistência Nacional, mais tarde, em 1987
transformado em Conselho Nacional de Resistência Maubere (CNRM). Em
todo este processo Xanana assumiu a liderança de uma forma efectiva no
terreno até 22 de Novembro de 1992, dia em que foi detido em Lahane,
Dili e posteriormente julgado pelas autoridades indonésias e feito
prisioneiro em Cipinang, Jakarta, até 1999. Em Abril de 1998, ainda na
prisão, foi eleito Presidente do CNRT que veio a tomar o lugar do CNRM
pela Convenção Nacional Constitutiva do CNRT, realizada em Peniche,
Portugal. Em Maio de 1998 Suharto é derrubado, abrindo caminho para o
referendum em Timor-Leste.

Dois meses após o referendum realizado a 30 Agosto de 1999, como
Presidente do CNRT, Xanana regressa a Timor-Leste. Mais do que ninguém
estava consciente que no país havia duas instituições que sempre se
assumiram como os alicerces politico e militar da Nação – a FRETILIN
e as FALINTIL. Da FRETILIN se distanciara desde Dezembro de 1987, como
consequência da sua retórica política de despartidarizaçã o da
Resistência. Das FALINTIL passara a ser o Comandante máximo. Na
verdade, sabia com mestria continuar a explorar a lealdade de ambas as
organizações para exercer o seu poder. A cumplicidade era necessária e
fazia-se em torno da luta comum contra a ocupação ilegal do país.
Xanana acreditava que a cumplicidade se fazia em torno de sua figura
e, por isso, sempre se achou acima de tudo e de todos, mais forte que
a própria FRETILIN e dono absoluto das FALINTIL..

Xanana habituou-se a ter essas duas organizações sob o seu comando e
totalmente seus intrumentos no exercício do seu poder unipessoal e, na
prática, proibitivo de ser questionado.

Assim, antes do acto solene de restauração da independência, conceito
que recusava aceitar, Xanana dera luz verde a Sérgio Vieira de Mello
para dissolver as FALINTIL, criando no seu lugar as Forças de Defesa
de Timor-Leste. (Com esta dissolução podia ter-se morto um capital
simbólico da Nação e cortar a cordão umbilical das Forças com à
própria história da resistência). Simultâneamente fez-se a
desmobilização anárquica de muitos guerrilheiros, criando com isso
problemas ainda não totalmente resolvidos até hoje. Aproveitando as
incongruências do Xanana, nova investida contra as FALINTIL tomou
lugar e com novas formas em 2006/07 com todo o esforço para
desacreditar a instituição militar, manchando a sua imagem. Diplomatas
de certos países, acreditados em Dili, sentiram-se mais realizados
porque acreditavam que a crise de 2006 tinha desferido o golpe de
misericórdia no espérito de resistência e de patriotismo do povo de
Timor-Leste. A dissolução das FALINTIL feita no período da UNTAET era
já o primeiro passo para matar um capital simbólico e passar uma
esponja por cima da história da Resistência. Manchar a imagem das
FALINTIL, enfraquecer a FRETILIN e a sua Liderança e dividir o país
faziam parte desta estratégia global de transformar Timor-Leste num
país sem passado, e talvez mesmo, sem futuro soberano, era o início
sem fim à vista da decapitação do país da sua Liderança histórica.

Recordo-me que no quadro da Constituinte, a questão das Forças, sua
designação, bem como o princípio da restauração da independência,
manutenção da bandeira, do hino, o nome do país (se Timor Loro Sa'e ou
Timor-Leste) , entre outros, foram profundamente questionados e
debatidos. Não foi fácil fazer decisões de modo a que a história fosse
reconhecida e ver-se reflectida constitucionalmente de modo a marcar a
fronteira de uma identidade nacional e internacional. Mais difícil
ainda foi porque o próprio Xanana, Líder da resistência, não via com
muita simpatia as opções a favor desta forma de reconhecimento da
história. Para ele, e alguns outros, reconhecer era igual a
transformar em objecto de museu todos os capitais simbólicos. Achava
que o melhor caminho para a reconciliação nacional era entregar aos
histriadores o estudo da História passando os capitais simbólicos a
serem simples factos, dados, elementos para este mesmo estudo. A Nação
deveria renascer assente sobre um presente sem passado que, em última
análise, um presente envenenado para o futuro.

Reconhecer o papel histórico e manter vivos os alicerces do
patriotismo maubere era, para o Xanana, perigoso demais para continuar
o tipo de liderança a que se habituara. Defendia ele que era demasiado
perigoso para a democracia. Particularmente se a FRETILIN se
reoganizasse, se afirmasse e ocupasse o seu lugar na vida política
multipartidária do país, como na realidade aconteceu. Xanana achava
que a democracia deveria significar repartir os timorenses de modo a
que a Unidade nacional se fizesse em torno, talvez, da sua figura.
Assim reforçava-se a sua Liderança nacional unipessoal à luz do tão
conhecido conceito Comando da Luta (que fazia decisões e dava
orientações a todos mesmo da sua cela em Cipinang). Naturalmente que a
FRETILIN jamais poderia aceitar continuar a apagar-se em nome de uma
reconciliação em torno de valores tão abstractos e ser um instrumento
nas mãos do Xanana para a prossecução desta sua política
individualista. Estando ele fora da organização, sem a obrigação de
respeitar a decisão dos órgãos do Partido, não fazia nenhum sentido,
em tempo de democracia, pretender continuar a orientar a FRETILIN.
(Recorde-se que em 2006, já como Presidete da República, Xanana tudo
fez para interferir no processo de eleições para a Liderança da
FRETILIN. Mas fracassou). Isto deixou o ex-Líder da Resistência muito
descontente. Não podendo a FRETILIN continuar a ser seu instrumento só
restava enfraquecê-la. Tanto mais que ele acreditava ser mais forte
que a própria FRETILIN. (Mesmo em 2007 sonhava, mais uma vez,
demonstrá-lo no embate eleitoral. Saiu derrotado e frustrado). Então,
para continuar a investida contra a FRETILIN, embarcou numa aliança
que se proclama de Aliança da Maioria Parlamentar (AMP), entenda-se,
Aliança da Maioria Perdedora).

Descontente com a afirmação da FRETILIN, Xanana como Presidente da
República usava maior parte do seu tempo fazendo oposição ao Governo.
A 28 de Novembro de 2002, poucos meses depois da restauração da
Independência Nacional, no seu discurso à Nação, Xanana, usando do seu
populismo e demagogia, critica publicamente o Governo e, como um actor
de uma novela sem enredo nem fim, mostra-se chocado com a continuação
da pobreza no seio do povo. (Será que Xanana acreditava mesmo que em
seis meses de governação, com um Orçamento de Estado de cerca de
sessenta milhões de dólares, dez vezes menos que o Orçamento do seu
governo, era possível ter já reduzido a pobreza? Se sim, então algo
de muito mal ia na cabeça do Xanana). A pobreza reduz-se com medidas
sociais, económicas e de desenvolvimento integral e sustentado de
curto, médio e, em especial, longo prazos. Nunca se erradica a
pobreza com medidas que perpetuam situações de emergência com acções
viradas simplesmente para a melhoria temporária dos níveis de consumo.
Enfrentar uma crise é uma necessidade. Confundir medidas de combate à
crise com programas de erradicação da pobreza é uma ignorância.

Xanana dizia que o Governo era pouco inclusivo, desprezava as opiniões
dos partidos de oposição, não dava créditos à sociedade civil quando
esta se manisfestava nas ruas, etc.

Xanana era pois um Presidente da oposição. Decidira despir a sua farda
de líder de guerrilha em troca de um camuflado de democracia e de uma
máscara de defensor da justiça e dos direitos humanos. Para ele o
Governo era exclusivista, autoritário, praticava o abuso do poder. E
ele, Xanana, fazia o discurso de um grande democrata, homem do povo.
Escondia por detrás de tudo isso a sua verdadeira face – um actor na
vida real, ávido do poder. Sonhava com um sistema presidencialista.
Esta tinha sido a orientação do Congresso do CNRT de 2000. A
Assembleia Constituinte decidiu diferentemente. Xanana não gostou.
Queria uma FRETILIN mais domesticada. Não conseguiu.

Quando as receitas do petroóleo e gás começaram a chegar o Governo
preparou um Orçamento de Estado de trezentos e quinze milhões de
dólares norte-americanos para o ano fiscal 2006'07, para ser proposto
ao Parlamento Nacional. Nele se definiu com clareza a
infraestruturaçã o do país, a resolução da questão dos veteranos e
combatentes da libertação nacional, das viúvas, dos idosos e dos
órfãos e o desenvolvimento rural e comunitário como prioridades das
prioridades. Traçaram-se metas: atingir um crescimento económico
sustentado de sete por cento, controlar a inflacção nos três a quatro
por cento em 2006/07, criar dez a quinze mil postos de trabalho. A
oposição coligada, parlamentar e extra-parlamentar, querendo impedir a
execução deste Orçamento optou pela divisão do país e pela violência
como prática política. Com isto, trouxe a crise de 2006/07 para
impedir que o Governo iniciasse um program de desenvolvimento visível,
sustentado, com impacto substancial na melhoria da qualidade de vida
dos cidadãos e, assim, voltar a ganhar de uma forma expressiva as
eleições de 2007. Assistimos então aquilo que muitos consideram, e
bem, como conspiração e golpe contra o Governo da FRETILIN com o então
Presidente da República a desferir o acto decisivo, exigindo a
demissão do Primeiro Ministro e impondo a sua vontade na escolha do
successor. Tudo se fez com o objectivo único de controlar o dinheiro
do petróleo e impedir que a FRETILIN passasse e executar o seu
programa de desenvolvimento no sentido da erradicação da pobreza e da
melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos.

Hoje como chefe de um governo de facto, beneficia de apoio total -
pessoal e institucional - do Presidente da República que não se cansa
de elogiar a sua governação, assumindo-se como um aliado
incondicional. Muitas vezes, coloca-se em bicos de pés para extrair
algo de positivo de uma governação de compra e venda, de pedir e dar,
sem planos, sem programas, com um orçamento que se reduz a um grande
saco azul e um enorme fundo de contigências, um Orçamento talhado para
o despesismo irresponsável abrindo auto-estradas à corrupção e
fechando caminhos a uma eficaz fiscalização parlamentar.

Fomos acompanhando ao longo deste ano toda a trajectória da governação
Xanana. Sob o lema "reformar" e "mudar" o antigo Comandante de
guerrilha e o mais conhecido Líder da Resistência timorense dos anos
80/90 procurou impor o seu próprio ritmo. "Reformas" e "mudanças" que
se traduziram, inicialmente, na verdadeira "caça às bruxas", "bruxas"
essas que não eram senão todos aqueles funcionários e agentes de
estado conotados como leais à linha de orientação do anterior Governo.
"Reformas" e "mudanças" que confundem descentralizaçã o com
desestruturaçã o, com uma administração anárquica, sem regras, sem
sistema, sem disciplina na gestão fiscal e macro-económica. "Reformas"
e "mudanças" que significam também viver com medo do passado e da
sombra do passado. Xanana, para evitar esta perseguição, foge da sua
própria sombra, recusa o seu passado e prefere viver na escuridão do
conhecimento, na ignorância da Constituição e das Leis, na diluição
das Instituições do Estado, na aliança política contra-natura, na
corrupção generalizada das mentes com a sua prática de "comprar a
paz".. E fa-lo sempre "em nome do povo" e, se necessário, para
emocionar os mais desprevenidos, com lágrimas nos olhos. (Há
informações que o "Conselho de Ministros", na sua última sessão de
2008, despede-se do ano com um verdadeiro coro de choros e de
angústias com apelos e súplicas para a unidade em torno do Xanana).

Pois, para quem ainda não sabe, o governo Xanana é uma manta de
retalhos nascido da "AMP" (Aliança da Maioria Parlamentar) , uma
aliança dos derrotados nas eleições, que existe assente sobre uma
necessidade permanente de se opor ao passado e ao Governo anterior.
Como resultado, esbanja o herário público e, no lugar de planificar e
programar o desenvolvimento, enterra-se cada vez mais em
improvisações, no esbanjamento, nas obras de fachada. Dominado por
esta psicose doentia e talvez pela angústia, não consegue adquirir uma
visão integrada de governação. Reduz o Governo a uma simples
instituição social e comercial de compra e venda e o Estado num grande
clube de amigos onde se recebe e se oferece. Para manter a aliança,
fecham-se os olhos a todos os desmandos, ignoram-se as denúncias de
corrupção, enraiza-se a impunidade, desacredita- se a Justiça.

No plano das realizações de natureza estruturante, promete aprovar um
Plano Estratégico de Desenvolvimento em menos de três meses e, um ano
e meio depois, nem uma leitura correcta sobre o estado da Nação
conseguiu produzir. Xanana diz o que ouve, e ouve só o que quer ouvir,
sussurrado nos seus ouvidos, pede para se voltar a dizer e volta a
ouvir o que dizem, repete-o vezes sem fim e convence-se que é verdade.
E assim vai-se consolando.

Com tudo isso, deixa o seu maior aliado, o Presidente da República Dr.
Ramos-Horta, cada vez mais isolado a fazer uma apreciação positiva da
governação Xanana. No próprio Parlamento Nacional a manta de retalhos
que se dá pelo nome de "Aliança da Maioria Parlamentar - AMP", já mal
consegue defender o seu próprio governo de facto.

Na verdade, continua o esgalhamento do sistema e aumenta a
incapacidade de governar. Crescem como cogumelos depois de uma chuvada
as vozes condenando a corrupção. Tudo isso entra pelos olhos adentro
de qualquer cidadão minimamente mais atento. Até os cegos sentem. Só
não vê e não sente quem não quer ou quem é cúmplice da situação
iniciada em 2006 e continuada até agora. Ridículo, não é? Claro que
sim. Ridículo é o que temos assistido durante a segunda metade de 2007
e todo o 2008. (Só um exemplo: Compram o arroz mais caro e vende-o
sessenta por cento mais barato. Considera os resultados deficitários
deste negócio como aumento nas receitas domésticas. Se isto não é
ridículo, o quê é?).

Mas o governo Xanana continua a vangloriar-se daquilo que fez "em
pouco tempo". Nunca diz a verdade. E esta é: só num ano esbanjou
dinheiro equivalente a cinco anos da governação da FRETILIN,
suficiente para iniciar um programa e garantir :


- a reabilitação de todas as escolas de Timor-Leste e a construção de
muitas outras mais;
- a extensão para todo o país de uma refeição quente por dia em todas
as escolas;
- a construção de residências para os professores e pessoal de saúde
nos Distritos, Sub-distritos, Sucos e Aldeias;
- a melhoria da assistência de saúde, com mais ifraestruturas e
melhores meios e equipamentos de diagnóstico e de tratamento;
- a introdução e execução de uma política de nutrição em todo o país
ligado ao desenvolvimento da produção nacional agro-pecuária;
- o aumento de fornecimento de água potável;
- o melhor aproveitamento da água como fonte renovável para a produção
de energia;
- a reabilitação e construção de mais sistemas de irrigação;
- a reconstrução e construção de muitos quilómetros de estradas;
- a contrução de melhores habitações para as zonas rurais e para os
mais necessitados;
- o desenvolvimento da agricultura familiar e comunitária,
introduzindo tecnologias adequadas ao estágio de desenvolvimento na
área;
- o desenvolvimento da pesca semi-artesananal;
- a implementação do projecto de re-urbanização de Dili e de outros
principais centros urbanos e a solução do problema de saneamento
básico;
- a industrializaçã o transformadora do produto agricola e pesqueiro;
- a criação de uma melhor rede de transportes colectivos;
- o desenvolvimento do turismo de pequena e média escalas e comunitário;
- o estabelecimento de uma Academia de Música e de Cultura;
- o estabelecimento de uma Instituto Médio de Desporto;
- o estabelecimento de um Banco de Crédito Rural, etc.;


E tudo isso teria garantido a criação de milhares e milhares de postos
de trabalho pelo país e introduzido o incentivo para o reforço dos
sectores cooperativo e privado nas áreas agro-pecuária, pesqueira e de
produção artesanal, necessárias para a melhoria da qualidade de vida
dos cidadãos e para melhor equilíbrio da balança comercial através do
aumento da produção nacional e, consequentemente, da redução da
importação.

Mas, para isso é necessário que o governo saiba planear, programar e
elaborar projectos de desenvolvimento humano, social e económico. É
necessário igualmente saber evitar a "projectização" da economia
porque esta só impulsiona o desenvolvimento desintegrado,
descontinuado, anárquico, sem qualidade. É necessário não confundir
medidas de emergência com as de reconstrução e de desenvolvimento.

Xanana opta pelo mais fácil. Injecta dinheiro indiscriminadamente na
economia e pensa que está a contribuir para reduzir a pobreza. Ouve,
repete e acredita que sim: há redução de pobreza porque distribui
dinheiro. Está convencido disso. Parece que o Presidente da República,
seu aliado, também. Na verdade, como efeito macro, só provoca o
crescimento da inflacção e incentiva a corrupção. E é demais sabido
que inflacção e corrupção são as mães geradoras da pobreza. Por isso,
a pobreza reduz-se sim, e muito rapidamente, mas para uma pequena
minoria – os membros do governo de facto, seus familiares e amigos
mais próximos. A maioria vê o seu cabaz de consumo a reduzir de
quantidade e de qualidade, as calorias mínimas diárias que precisa
custam cada vez mais alguns cêntimos de dólar. Por outro lado, a
produção nacional vai-se definhando porque se torna cada vez mais
incompetitiva. Nem com a reforma tributária do Xanana, a converter o
país num quase paraíso fiscal, trouxe o milagre. Não há redução de
preços. Então, arranjam-se bodes espiatórios e acusam-se os
"comerciantes malandros". Desconhecem que a economia é uma ciência
onde não há lugar para milagres. Tem as suas leis, as suas regras, os
seus elementos catalizadores. Mas não há milagres Só o trabalho
acelera o desenvolvimento, cria riqueza, impulsiona o crescimento
económico, dignifica e eleva a qualidade de vida dos cidadãos, reduz a
pobreza.

Os jornais todos os dias falam da corrupção, de nepotismo, da má
governação. Os relatórios de instituições internacionais já não podem
continuar a ignorar esta realidade gritante. O período da prova
terminou. Do benefício da dúvida nasce a certeza e ela é: o governo
Xanana converte Timor-Leste num país insustentável. Podemos questionar
esta apreciação e dizer que é uma "atitude colonial" fazer tais
afirmações. Mas uma leitura atenta e objectiva da realidade
desmente-nos. E se a situação continuar como está por mais um ou dois
anos, não sei se alguém minimamente consciente terá coragem para
ignorar tal verdade. O país está a descaracterizar- se, descarrilar- se.
O Estado a desestruturar- se; a cidadania a definhar-se com os cidadãos
a a viverem da dependência das migalhas do governo ou intimidados para
não exprimirem o seu descontentamento. Não é crier mais dependência
que se liberta o povo. Confunde-se paz com ausência de violência
física, estabilidade com o silêncio imposto aos cidadãos.

Fomos bafejados pela sorte (?). Sim. A natureza, de uma forma finita,
oferece-nos como crédito para o desenvolvimento as receitas do
petróleo e do gás. O governo Xanana trata-as de um modo tão
irresponsável com políticas despesistas que só conduzirão ao enterro
do Fundo Petrolífero. Xanana não sabe como gerir uma receita não
renovável. Como perpetuar este tipo de receitas de modo a beneficiar
todas as gerações, incluindo, naturalmente, as actuais. As receitas do
petróleo são uma semente que nos é facultada. Devemos criar condições
para que seja semeada e se reproduza. Xanana confunde semear com
enterrar. E o governo Xanana vive de uma contradição. Acha que gastar
muito significa fazer muito. E faz tudo para gastar só para poder
afirmar que executou o Orçamento e sentir que fez muito. Gasta para
poder dizer ao Parlamento que executou o Orçamento.

Xanana tem um ódio ao "carry over" (transferência de valores
orçamentais de um ano para o outro"). Esperavamos que nos viesse com
alguma solução mágica. Xanana trouxe a receita : primeira medida:
fazer compras, muitas compras nos últimos dois meses do ano.(Já não se
põe agora o problema de armazéns, argumento usado antes para adjudicar
ao seu colaborador mais próximo GS mais de quatorze milhões de dólares
de compra de arroz. Agora, com muitos milhões mais, esta questão já
não se põe. O importante é gastar o dinheiro). Resultado: não há
"carry over" de dinheiro. Prefere fazer "carry over" de arroz, de oleo
alimentar, de cimento, de viaturas, de tractores etc. i é, de produtos
perecíveis que, ou vão deteriorar-se ou, porque são subsidiados,
atravessam a fronteira vendidos mais baratos para a visinha Indonésia.
Também de meios de transporte e de trabalho que em breve aumentarão as
despesas públicas e quiçàs, as famosas "receitas domésticas" dentro de
seis meses a um ano com a venda de sucata. Só um génio como o Xanana
Gusmão pode inventar isso!! Segunda medida: a reorçamentação. Quer
dizer, para despesas em bens e serviços e outras recorrentes, gasta-se
tudo; no tocante a capital e desenvolvimento, interrompem- se os
projectos, reorçamenta-se, na esperança que o novo Orçamento seja
aprovado para dar continuidade. Como o Orçamento de 2009 só será
aprovado em finais de Janeiro, Xanana decide extender a vigência
parcial do Orçamento de 2008 até Fevereiro de 2009. Tudo isso para ele
provar que não há "carry over". Que ingenuidade, para não falar de
outras coisas! Que ridículo! Mas, Xanana e o seu grupo apresentam tudo
isso como produto da sua genialidade colectiva.

Nos últimos dois meses fizeram-se despesas sem um mínimo de plano e de
programa. Compras e mais compras. Doze a quinze barcos a fazerem bicha
durante dias a espera da sua vez de serem descarregados no Porto de
Dili.. (Foi triste ver, quinze barcos na noite do Natal e na passagem
de ano com as suas luzes no mar frente a Dili. As crianças até teriam
acreditado que pai ou vovô Xanana tinha feito mais um milagre. Colocou
no mar quinze árvores de Natal e quinze presépios flutuantes com os
Reis Magos montados sobre golfinhos e crocodilos. Na verdade as
árvores de Natal e os presépios flutuantes eram de mais bom gosto que
àqueles feitos no jardim do Palácio porque aqui, de modo exagerado
tinham as suas luzes e cores fazerem um conjunto de um verdadeiro
festival de mau gosto. ( O Natal, dia de nascimento de Jesus Cristo,
merece mais arte e melhor sentido de harmonia entre luzes e cores,
melhor enquadramento ambiental mas também, de menos despesas
supérfulas próprias de um novo rico que não conhece o valor do
dinheiro. Seja como for, a fé nunca se confunde com medidas de
fachada).

Para além de compras houve outros trabalhos de última hora. As ruas de
Dili que não necessitam ainda de manutenção de vulto foram
re-asfaltadas mesmo debaixo das chuvas e no escuro da noite.
(Trabalho nocturno no brèu da noite para reflectir a falta de
transparência na preparação dos projectos e na adjudicação das obras).
Por outro lado, as estradas para os Distritos e Sub-Distritos a cairem
uma atrás de outra, a ficarem literalmente intransitáveis. ( Assim, em
2009, é melhor que o governo Xanana compre helicópteros para
transportar "o primeiro ministro e o seu vice, os ministros,
vice-ministros, secretários-de- estado e deputados. Com isto até eleva
o estatuto dos mesmos. Estou certo que se sentirão mais seguros e
importantes. Para quê estradas, para quê pontes, se há dinheiro para
helicópteros? ). E para quê carros e mais carros se não há estradas?
Sim, se gastar muito é sinónimo de fazer muito, o que impede
substituir os carros dos politicos por helicópeteros? O que impede
adquirir aviões presidenciais ou jactos executivos para as viagens
internacionais dos altos dignatários?

Xanana acha que fez muito. À excepção daquilo que foi apropriado da
política do Governo anterior, melhor, do Estado no seu todo, no que se
relaciona com os Combatentes de libertação nacional, as viúvas, os
órfãos, os idosos, os cidadãos mais necessitados, com deliberações de
reconhecimento e de pensões de diferentes montantes e naturezas,
vejamos o que realmente o governo Xanana fez e do qual se vangloria:

A Questão dos Deslocados:

O governo Xanana apresenta a solução da questão dos deslocados como
uma das suas bandeiras. Vangloria-se de ter resolvido esta questão. Na
verdade, para quem tenha vindo a Dili algumas vezes seguidas durante
os anos 2006/08, ao chegar hoje à cidade logo se depara com algumas
diferenças. Já não existe o campo de deslocados imediatamente à saída
do Aeroporto Internacional Presidente Nicolau Lobato. E, se
habitualmente se alojar no Hotel Timor, também irá encontrar uma outra
diferença de vulto. Pois, não há mais deslocados no Jardim à frente do
melhor Hotel do país. (No seu lugar encontra-se um espaço totalmente
cercado de zinco. Xanana decidira entregar o mesmo jardim ao seu amigo
Hércules, cidadão indonésio de origem timorense conhecido e temido
pelos seus feitos de chefe de um grupo de "cobranças difíceis" em
Jakarta. Foi recentemente detido e acusado de homicídio na Indonésia.
Mas, para o governo Xanana tem sido um VIP). Alguns outros campos em
Dili também se esvaziaram. E ainda bem. Mas será que o problema se
resolveu em definitivo? Se os visitantes derem algumas voltas pela
cidade e, particularmente, sairem de Dili em direcção a Manatuto
encontrarão o oposto. Pois o campo de deslocados de Metinaro
mantem-se. Os seus ocupantes não se deixaram atrair pelo dinheiro em
troca da sua segurança . Não sentem que existem garantias suficientes
para retornarem aos seus bairros de origem.

O que contribuiu realmente para alguns deslocados sairem dos campos?
Primeiro porque era do interesse de toda a sociedade que regressassem
aos seus locais de origem ou fossem alojados em qualquer outro local
da sua aceitação. Segundo, porque a vida nos campos já se tornava
insustentável para os próprios deslocados. Terceiro, porque o tempo se
encarregou também de diluir muitos dos conflitos. Quarto, porque o
rôtulo de deslocado se tornou cada vez mais discriminatório,
isolando-os do resto da sociedade urbana de Dili. Por fim, porque
Alfredo tinha sido morto e o resto do seu grupo detido e porque os
"peticionários" tinham sido compensados pelo trabalho realizado em
2006/07 pelo governo Xanana. Mas o campo de deslocado de Metinaro é
sui generis. Colocado for de Dili, próximo do Centro de Instrução das
Falintil-FDTL, sempre se sentiram mais seguros.

Acabar com os campos degradantes de deslocados era o desejo de toda a
sociedade. Mas, o princípio fundamental deveria ser o Estado tudo
fazer para devolver aos deslocados o direito à uma habitação condigna
e o retorno à vida normal com a sua reinserção integral na sociedade
com toda a garantia de segurança.

Mas Xanana, mais uma vez, avançou pelo caminho mais fácil - pagar a
todas as famílias deslocadas para abandonarem os campos. O processo de
pagamentos em si começa por não se revelar transparente. (Há
informações de pagamentos feitos a pessoas que nem sequer deslocadas
eram e que nunca tiveram as suas casas destruidas, ou de pagamentos
repetidos dentro da mesma família pela mesma casa destruida. Mas esta
é outra questão que a seu tempo precisa de ser investigada para ver se
existe corrupção ou não, nepotismo ou não, ou, simplesmente,
incapacidade organizativa e administrativa) A questão hoje é saber se
a solução encontrada é sólida. Duvidamos. Duvidamos porque muitos
daqueles que abandonaram os campos continuam sem casas, sem abrigo,
sem terra. Ou porque não tinham casas para reabilitar, ou porque o
dinheiro não era suficiente para a reabilitação ou ainda porque,
seguindo o exemplo do maun Xanana, também decidiram pelo mais fácil:
usar o dinheiro para outros fins como comprar uma moto, casar, viajar,
etc. Sustentável ou não para a vida deles, o que importa? O mais
importante é gozar enquanto houver dinheiro.

Alguns deslocados optaram também por saídas ainda mais aliciantes.
Ocupam terrenos alheios e montam a sua tenda ou constroem uma barraca.
Com isso, abrem novos conflitos. É uma verdadeira bomba-relógio. O
governo Xanana parece ignorar tudo isso demitir-se das suas
responsabilidades porque a solução que encontrou foi pagar. E pagou
para sairem dos campos. Não para refazerem as suas vida com dignidade.
"Agora, cada um por si, Deus por todos". Xanana prometera resolver
esta questão até Dezembro de 2007. Um ano e meio depois, continuamos
com o problema. Ficamos com a solução cosmética à la Xanana traduzida
numa maxima: o importante é mudar a fachada.


Fim da I parte.
Anónimo disse…
O aikurus esta muito interessado em afastar as atencoes do Sr Nelson Santos que e' o topico deste post.

Porque sera? Sera por afinidade ou por reflexo que o leva a defender os seus amigos a todo o custo mesmo quando as evidencias sao bem fortes das practicas corruptas deles?

Quanto ao artigo de Mari, em varias partes demonstra ser um individuo de pouca inteligencia que condiz bem com a sua estatura fisica, tambem de pequena dimensao.
Por exemplo, so um total ignorante pode continuar a insistir naquela total parvoice de ter que ser a Fretilin a governar porque ganhou as eleicoes com uma pequenissima maioria.

O homemzinho nao tem nada entre as orelhas!!!
Anónimo disse…
Infelizmente sao sempre os mauberes finos da laia do Nelson Santos que acabam por explorar os mauberes pes descalcos como eles se referem ao povo.

Eles querem mesmo que o povo continue maubere e ignorante para eles poderem continuar a explorar, mas a realidade e' que os timorenses ja abriram os olhos.

O mari pode cantar o que quiser porque ja nao engana a ninguem e jamais voltara a por as maozinhas no poder.

Boa viagem estes dois senhores que Timor nao precisa de gente assim.
Anónimo disse…
Alo Dili

"Infelizmente sao sempre os mauberes finos da laia do Nelson Santos que acabam por explorar os mauberes pes descalcos como eles se referem ao povo."
Ao Anonimo talvez esqueceste da corrupcao aos milhoes da Lucia Lobato, Sabino, Gil Alves, Joe Goncalves, Germano da Silva do governo de AMP o Longuinhos a tropelar a justica podias comentar tambem estes passa despercebido.
Os atentados ao Horta e o Alfredo porque nao e nada contigo tudo que seja do AMP vais fechando os olhos.

Adeus

de Aikurus
Anónimo disse…
Alo Dili

"O homemzinho nao tem nada entre as orelhas"

As verdades e para serem ditas doe a quem doer o Alkatiri conhece tao bem o Xanana assim como o Horta.

Adeus

De Aikurus
Anónimo disse…
Alo Dili


"11 de Fevereiro de 2008 sabemos muito bem quem foram os autores, e quem andava com os 'premilinares' meses e semanas antes dos atentatos para a decapitação do Estado timorense (incapacitação do PR e PM respectivamente), inclusive a realização, montagem, edição e distribuição do célebre video do monólogo do Reinado."


SEBASTIAO se sabem tao bem quem foram os autores e bom lancares na media para que tudo mundo saiba dos golpistas da crise de 2006.

Adeus

de Aikurus
Anónimo disse…
Seguindo o exemplo do patrao, o aikurus tambem pouco tem entre as orelhas.
Anónimo disse…
Isto tudo é sem dúvida uma grande vergonha. Logo num dos países mais pobres do mundo onde uma grande maioria dos cidadãos vivem na pobreza. Não há direito.

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