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Elogio do AVANTE à reportagem de Felícia Cabrita


É elogiado pelo órgão de propaganda do Partido Comunista Português (PCP), AVANTE, um artigo de opinião de Felícia Cabrita a que lhe chamam "reportagem", mas apresenta imensos erros factuais, um enredo quase completamente romanceado, contudo é um texto muito bem estruturado para enaltecer Mari Alkatiri e transformar Xanana em "mau da fita", recorrendo para o efeito a informantes com pouca ou nenhuma credibilidade, como Rui Lopes (que se dizia próximo de Xanana) e que se oferece a Felícia Cabrita, inventando-lhe "factos", para a agradar, autopromovendo-se como o homem "de mão" de Xanana desde 2002 a 2006 para desestabilizar o país e apear Mari Alkatiri do poder, esquecendo Rui Lopes que, ao fazer-se oferecido a referida jornalista, estava a ser instrumentalizado por Alkatiri por interposta pessoa, com o objectivo de denegrir a imagem pública de Xanana.

Vem, agora, o AVANTE, jornal do Partido Comunista Português (PCP), publicar um artigo de opinião a dar crédito a aquela quase ficção "reportagem" «Dormindo com o inimigo», de Felícia Cabrita, publicada na Revista TABU, do seminário SOL, do sábado passado (28/6/2008). Compreende-se o elogio a referida reportagem romanceada, pois como diz o ditado "Os amigos escolhem-se". Passo a transcrever, então, o referido artigo de opinião publicado no jornal do Partido Comunista Português, AVANTE, nº 1805, de 3/07/2008, da autoria de Henrique Custódio.


O declínio

Uma reportagem de Felícia Cabrita no Sol (Revista Tabu) expõe o nebuloso papel de Xanana Gusmão em Timor-Leste, desde a independência em 2001.

Parafraseando Marx, tudo começa com a economia. Felícia Cabrita recorda: «Depois de reconhecer devidamente a soberania indonésia, a Austrália conseguira passar a explorar 85% do mar dos vizinhos [timorenses]. Mas uma das medidas de Alkatiri [como primeiro-ministro] é chamar o seu a seu dono e, na legislação sobre recursos petrolíferos, baixa a percentagem para 50%». A partir daí «Xanana [então Presidente da República], nos comícios à nação (invariavelmente contra o Governo), acicata grupos de jovens que espalham o terror nas ruas de Dili».

Por essa altura, a 20 de Maio de 2002, o ministro de Durão Barroso, José Luís Arnaut, visita oficialmente Timor-Leste. «Enquanto Arnaut e Alkatiri conversam, Rui Lopes lidera os golpistas nas ruas» (Rui Lopes é um antigo operacional da UDT dos Carrascalões, na década de 90 serve estes e Xanana). O drama prossegue: «Em 2002, quando Xanana lhe telefona, Rui Lopes não hesita: “Ele queria acabar com o Governo de Alkatiri, até me ofereceu trabalho”. Rui encabeça a multidão que invade o Palácio das Cinzas, sede do Governo». José Luís Arnaut é evacuado pelo GOE da PSP. «Entretanto, a casa de Alkatiri é queimada até à última parede». «Aquilo não foi a brincar, tratava-se mesmo de um golpe para derrubar Alkatiri», garante o ministro Arnaut.

Prosseguem as conspirações contra o Governo da Fretilin liderado por Alkatiri. Em 1995, «durante 19 dias, uma manifestação dirigida pelo topo do clero provoca distúrbios e faz parar o país. Xanana aproveita todas as oportunidades». Mas o golpismo fracassa de novo. Em Janeiro de 2006, «depois de um exercício minucioso manobrado por Xanana» surge o «golpe dos peticionários», jovens recrutas que justificam a sua insurreição invocando «discriminação por parte dos veteranos». Segue-se um crescendo de provocações, «entram em cena outros militares que lideram grupos diferentes», onde se destacam Alfredo Reinado e Rai Lós. O primeiro diz a Rui Lopes que «ligou ao Xanana, que lhe disse: “É pá, põe fogo aí em baixo (em Fatuai) que eu ponho fogo aqui em cima (Dili)». O segundo (que dois anos depois lideraria o atentado contra Ramos-Horta) é apanhado com «um salvo-conduto assinado por Xanana». Disto resultam vários mortos do exército e uma declaração do primeiro-ministro australiano ameaçando intervir, enquanto Xanana escreve a Alfredo Reinado que «já combinei com as forças australianas e vocês têm de ir estacionar em Aileu».

Este golpe de 2006 afasta Alkatiri e a Fretilin do poder e produz eleições antecipadas, onde Xanana perde, o que não o inibe de nova golpaça: pôs-se à frente de uma coligação que afastou de poder o partido vencedor, a Fretilin. Segue-se o nebuloso atentado a Ramos-Horta após este se mostrar favorável à proposta da Fretilin em se convocar eleições antecipadas (só sobreviveria graças aos portugueses da GNR), o estranho assassinato de Reinado e o atabalhoado «ataque» a Xanana, que só atinge pneus e tectos de viatura, com os australianos a protelar indefinidamente as conclusões das investigações.

Felícia Cabrita conclui, peremptória: «Ramos-Horta salvou-se e se neste momento o povo timorense fosse às urnas a sua vitória era certa. A coligação de governo desmorona-se a cada dia que passa e Xanana entrou em declínio».

Já tinha entrado, quando se rendeu aos indonésios, lembram-se? Só que agora nota-se mais, ao servir novos senhores...

Henrique Custódio

AVANTE, 3/07/2008

Comentários

Anónimo disse…
Essa senhora deveria ter mudado de profissão ... romancista, literatura de cordel ... sensacionalista.

O Avante ... fiel a si mesmo! :/
Cumprimentos,
M.

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