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Para completar o ramalhete dos argumentos dos apoiantes de Xanana, vou transcrever mais um comentário da Maria colocado na caixa da postagem «Resposta a Maria... de Margarida», de 21/05, do blogue Timor Lorosae Nação.

Maria disse...

Não estou à defesa nem ao ataque, estou até a divertir-me com tanto ódio das margaridas, do Alkatiri.

Vejamos então os factos, nus e crus.

"…como Presidente da República, eu considero que a decisão tomada pelo Brigadeiro-General foi incorrecta e, de facto, não foi justa!"

A decisão foi incorrecta, sim, porque TMR não se devia ter aliado a Alkatiri, expulsando em massa tantos militares, fazendo os seus familiares e filhos sofrerem.

Incorrecta, porque não se obedeceu às regras legais, falando com os assessores jurídicos, para respeitar a lei, vendo caso por caso, de acordo com as falhas específicas de cada um e dentro da lei.

Muitos foram expulsos devido a faltas acumuladas durante anos. Porque se ignorou por tanto tempo a questão e, de repente, os expulsaram por causa das faltas?

E as faltas, na sua maioria, foram causadas porque todos os meses, cada membro das F-FDTL, recebia os seus USD$75, USD$80, USD$90, USD$100 e tinha que viajar de Lospalos até Maliana, de mikrolet, só para dar dinheiro à mulher e filhos, para depois regressar. Tal viagem e estadia, mesmo breve, levaria 2 dias e outros dois ainda para voltar. E marcam-se faltas de dois dias. Após um ano, teriam faltado 24 dias.

Porque tudo isso foi ignorado pelo primeiro-ministro Alkatiri, preferindo expulsar tantos militares e desdenhando os problemas humanos, as condições institucionais, a dignidade ?!

A posição correcta é, pois, condenar o Governo de Alkatiri por esta irresponsabilidade e unir todos para resolver os problemas, tal como foi prometido a todos eles na inauguração do novo quartel general em Baucau.

"… a questão de 'Loromonu-Lorosae' era uma questão política, e era um problema que existia, há muito, no seio das F-FDTL."

Quem conhece bem a história da Luta sabe que a questão 'Loromonu-Lorosae' reside no facto do Brigadeiro Taur Matan Ruak ter escolhido o, agora, Tenente-Coronel Filomeno Paixão para ser membro das F-FDTL, contra a vontade de muitos veteranos das F-FDTL. Isto porque o T-C Meno Paixão foi um dos comandantes da guerrilha que se rendeu de uma forma horrível em 1977 e, aos olhos destes veteranos, traiu a luta, causou a morte de centenas de combatentes sob o seu comando e entregou milhares de balas e armas ao inimigo (tantas que o inimigo precisou de mais de três dias para as ir recolher, de helicóptero, nas montanhas).

Porque o T-C Filomeno Paixão é de Maubara, visto como loromonu, este exemplo foi sempre usado para irritar os membros loromonu das F-FDTL dentro dos quartéis das F-FDTL, com comentários tais como - “vocês nunca lutaram”, “vocês são traidores”, “vocês renderam-se”.

Os jovens das F-FDTL desconheciam estes factos históricos e sempre entenderam que tais afirmações eram dirigidas a eles, como loromonus. Aí reside o problema, que depois Alkatiri explorou e “regou com gasolina” para incendiar politicamente.

"De facto a indisciplina começou pelos Comandantes."

Por isso se refere à indisciplina, porque os comandantes, todos veteranos, não deveriam dizer estas coisas, constantemente, nos quartéis. E porque também os comandantes raras vezes estão nos quartéis, mas culpam os subalternos de faltosos e depois expulsam-nos.

Por isso também se fala de discriminação.

Daí este comentário - "o pano de fundo e as raízes do problema não teve que ver com a indisciplina mas com o mau tratamento, por parte de alguns Comandantes Veteranos, para com novos soldados e timorenses da parte ocidental."

E, sobre o nosso novo e ainda jovem Estado, o Presidente da República XG disse aquilo que vocês não gostam.

"Para que as F-FDTL se tornem profissionais, ainda vai demorar muito tempo, porque o nosso estado só agora começou, com várias doenças e atitudes."

É a coisa mais correcta, mais acertada, mais digna de se reconhecer!

Estas não são difamações contra a hierarquia das F-FDTL pelo PR. Foram expressões de um Chefe de Estado que assume a sua devida responsabilidade sem medo.

E falou para os seus subalternos, seus guerrilheiros do mato, seus companheiros da Luta, seus homens, para agora assumirem a responsabilidade sagrada de desenvolver uma força de defesa do Estado com espírito profissional e moderno.

Insulto é o que Alkatiri tem feito. Ignora as fraquezas e os erros e concentra-se só em recrutá-los para o Partido e, sobretudo, para a sua facção no Partido. Este sim, é um gesto de traição à honra dos guerrilheiros e do Estado Timorense!

Margarida disse:

“foram ditas exactamente no mesmo dia em que o então Comandante da PNTL mandou as armas da PNTL para distritos do Oeste, à revelia do governo e do próprio responsável do depósito da PNTL, deixando Díli sem defesa!”

É preciso esclarecer bem os factos para não se frustrar tanto estas margaridas.

No dia 23 de Maio de 2006, os Comandos das F-FDTL e PNTL fizeram um acordo segundo o qual a PNTL iria assumir o controlo dentro de Díli e as FFDTL controlariam as periferias de Díli. Mas, no dia 24, as F-FDTL entraram em Díli e começaram a desarmar os membros da PNTL. O Comandante-Geral da PNTL, com medo de que estas armas, mais de 40 na arrecadação, fossem confiscadas por membros da PNTL 'nacionalistas', a maioria de Baucau, decidiu retirar as armas para Aileu, onde fica a sua residência. (Ver no relatório da Comissão de Inquérito Independente da ONU, a declaração do ex-comandante geral da PNTL sobre estas armas.)

Medida certa ou não, não me cabe a mim fazer esse juízo, mas são estes os factos.

Após a retirada destas armas, viu-se o que aconteceu. A PNTL sofreu o massacre e quinze membros foram mortos a tiro, desarmados e sob a protecção da ONU.

É neste contexto, de as F-FDTL defenderem as periferias, que se deve analisar o que aconteceu a Rai Lós e aos seus homens. Quatro dos seus homens foram mortos nos montes de Tíbar, alegadamente por membros das F-FDTL. E o major Kai-Kiri também foi morto à bala, em Taci-Tolu, enquanto levava a fragata, doada por Portugal, para, alegadamente, atacar o grupo de Rai Lós.

Tudo isto nunca foi investigado. Alkatiri não queria ver isto investigado porque lhe servia o jogo político contra Rogério Lobato.

Margarida disse:

“E foi ele Gusmão quem – antes e depois! - andou em reuniões com os desertores das F-FDTL e da PNTL, quem lhes passou Guias de Marcha, quem lhes pagou estadias em pousadas, quem os recebeu no Palácio Presidencial, quem com eles partilhou palcos de comícios, quem os nomeou coordenadores de campanha eleitoral, quem os pôs como candidatos na lista do seu partido.”

O Presidente da República Xanana Gusmão nunca pagou hotel de ninguém, nem guias de marcha. As notas que emitia a Alfredo Reinado, que foram parar às mãos de Alkatiri e foram já sobejamente divulgadas pelos seus apaniguados, não constituem crime nem ilegalidade, porque a Fretilin aprovou uma resolução, no Parlamento Nacional, dando poderes ao Presidente da República nas áreas da Defesa e Segurança, para o PR resolver todos os problemas relacionados com a crise de 2006.

Esclarecidos?

Analisem bem todos os factos antes de falarem, margaridas…

Timor agradece!

21 de Maio de 2008 23:43

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