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ME timorense e UFPB: assinatura de Convénio de Intercâmbio Académico e Científico


UFPB assina convênio com Ministério da Educação do Timor-Leste

19/06/2008

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) firmou, em definitivo, neste final de semana, no Rio de Janeiro, o Convênio de Intercâmbio Acadêmico e Científico com o Ministério da Educação da República Democrática do Timor-Leste. Participaram da cerimônia da assinatura o próprio Ministro da Educação de Timor-Leste, professor Doutor João Câncio Freitas, e o professor Doutor Jorge Fernando Hermida, representando ao Magnífico Reitor da Universidade Federal da Paraíba, Rômulo Polari. A assinatura do convênio contou ainda com a presença do representante do Itamaraty o senhor André Cortez.

De acordo com o professor e mediador, Jorge Fernando Hermida, o convênio consiste em um intercâmbio acadêmico e científico estabelecido através da parceria entre Brasil e o Timor-Leste, visando à implantação e desenvolvimento de um programa de cooperação mútua que envolva estudantes, professores e investigadores das instituições de ensino superior timorense, sob a tutela do Ministério da Educação do Timor-Leste e da UFPB nos níveis de graduação, pós-graduação e atividades de investigação científica.

O Convênio de Intercâmbio Acadêmico e Científico prevê ainda doação de livros e materiais didáticos. Na ocasião foram doados 170 livros da obra “Educação Infantil – Experiências e vivencias na Região Nordeste do Brasil” (Editora Universitária da UFPB, 2008. 260 p.) e 30 livros de “Educação Infantil: políticas e fundamentos” (Editora Universitária da UFPB, 2007. 296 p.), ambos de autoria do professor Jorge Fernando Hermida. As obras contaram com o patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil e da TV Rio Balsas, respectivamente, e estão sendo adotados nos cursos de formação de professores para as séries iniciais daquele país.

O convênio é válido por cinco anos, contado a partir da data de sua assinatura conjunta, podendo ser revisto ou modificado durante o período de vigência desde que haja acordo entre as partes. O contrato firmado abrange todas as áreas. Poderão participar do convênio estudantes matriculados nos cursos de graduação, pós-graduação e outros cursos oficiais oferecidos pelas instituições de ensino superiores em questão.

Os estudantes selecionados deverão participar do programa por no mínimo um semestre ou no máximo um ano acadêmico. Podem participar cinco alunos por ano. “O número de alunos de intercâmbio pode ser revisto anualmente, de forma a que seja alcançado um equilíbrio no período em que estiver em vigor o convênio”, explicou o professor Hermida.

Já os alunos da República Democrática do Timor-Leste serão selecionados pelo Ministério da Educação do seu país, desde que preencham os requisitos exigidos pela entidade acolhedora e pelo desempenho acadêmico e o nível de estudos alcançados por cada um dos candidatos.

Entre as principais atividades a serem desenvolvidas pelos estudantes destacam-se a pesquisa em conjunto, organização de seminários, conferências, simpósios, publicação de artigos em revistas especializadas, intercâmbio de material, equipamento de laboratório e entre outras. “A promoção das atividades e programas dependerá da disponibilidade financeira das partes celebrantes e ainda das parcerias que possam ser construídas com os organismos de patrocínio científico (CAPES, CNPq)”, esclareceu o professor.

A idéia do convênio surgiu no final de 2007 quando o professor Jorge Fernando Hermida publicou o livro “Educação Infantil: políticas e fundamentos” (Editora Universitária da UFPB, 2007. 296 p.), uma coletânea de textos organizada por ele em que discutia sobre os principais aspectos que envolvem a educação infantil no Nordeste. Após o lançamento, com enorme sucesso, em várias Capitais do país, Jorge Fernando Hermida teve conhecimento, através do professor cooperante brasileiro Everaldo Freire (um dos autores presentes na coletânea), que o livro seria adotado na República Democrática do Timor-Leste.

Foi quando o Chefe do Departamento de Formação de Professores das Séries Iniciais (DFPSI) de Timor-Leste, professor Lourenço Marques da Silva, prontamente sugeriu que a publicação fosse adotada nos cursos de formação de professores do país, e enviou uma carta ao professor Hermida solicitando a doação de exemplares. “De fato, esse país lusófono enfrenta casos de carência de recursos materiais educativos dentro do processo de formação dos novos candidatos a professores para o futuro do Timor-Leste”, disse Jorge Fernando Hermida.

De posse da carta enviada pelo professor Lourenço Marques se dirigiu ao Magnífico Reitor da Universidade Federal da Paraíba, professor Rômulo Soares Polari, para verificar a possibilidade de viabilizar a publicação de uma edição especial de mil exemplares da obra para ser doada e remetida ao Timor-Leste. Ciente da importância da ação, o Reitor propôs a realização de um convênio de intercâmbio acadêmico e científico que acabou sendo firmada oficialmente neste último final de semana.

Timor sua história e a língua portuguesa brasileira

A República Democrática de Timor-Leste é um dos países mais jovens do mundo. Atualmente é conhecido como Timor Português. O país foi uma colônia portuguesa até 1975, quando se tornou independente. Três dias depois da independência o país foi invadido pela Indonésia e considerado como a sua 27ª província com o nome de Timor Timur, permanecendo em solo timorense por cerca de 34 anos (1975/2004).

Mesmo com a invasão a Organização das Nações Unidas (ONU) considerou o país como sendo território português, por ter sido Portugal o seu primeiro colonizador. No dia 30 de agosto de 1999, cerca de 80% do povo timorense optou pela independência em referendo organizado pela ONU. No referendo o povo também votou a favor da manutenção da língua portuguesa como língua oficial do Estado.

No período da invasão o Regime Militar aboliu o Português como língua oficial de Timor-Leste e implantou a própria língua Indonésia (erradamente chamada por vezes bahasa). Devido à recente ocupação Indonésia, grande parte da população compreende a língua Indonésia e fala o idioma tétum (dos aborígines), mas só uma minoria o português. O idioma frequentemente utilizado pelas autoridades nacionais é o inglês. Depois do referendo, as crianças timorenses estão sendo alfabetizadas na escola em português brasileiro.

O Convênio de Intercâmbio Acadêmico e Científico chega ao país em um dos melhores momentos, pois além de contribuir para aprimoramento dos professores e enviar material didático contribui com o esforço de preservação da cultura imaterial, vital para a auto-determinação política e cultural neste importante momento histórico do país.

No final do mês de julho o presidente Luis Inácio Lula da Silva visitará o Timor-Leste. Na mesma ocasião estarão sendo entregues os livros da Editora Universitária da UFPB. “É um momento de muita responsabilidade e a UFPB está sendo uma instituição socialmente responsável no processo de difusão da produção acadêmica e da cultura nordestina, sendo solidária com um país que precisa consolidar sua autodeterminação e sua independência cultural”, concluiu Jorge Fernando Hermida

19 junho 2008
paraiba.com.br

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