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11/2: Abriu a "caça" a Salsinha

PM diz que «chegou a hora» de capturar Salsinha

Os líderes timorenses decidiram que «chegou a hora» de capturar o líder dos militares peticionários Gastão Salsinha, afirmou hoje o primeiro-ministro Xanana Gusmão à agência Lusa

«Decidimos que já chegou a hora e a partir do dia 09 as forças conjuntas vão começar a operação», declarou hoje Xanana Gusmão à Lusa, na primeira entrevista após os ataques de 11 de Fevereiro.

«Não vai haver mais aquela tolerância. Tem de se dizer à população que já acabou a brincadeira. O Salsinha tem de se render ou expor-se a combate», afirmou o governante.

«Agora já há ordem para disparar», acrescentou Xanana Gusmão ao falar sobre as regras aprovadas sexta-feira numa reunião entre as chefias das forças de segurança, o Governo e o Presidente da República interino.

O ex-tenente Gastão Salsinha liderou uma emboscada à coluna onde seguia o primeiro-ministro, na manhã de 11 de Fevereiro, pouco depois de um grupo chefiado pelo major Alfredo Reinado atacar a residência do Presidente da República.

Com a morte de Alfredo Reinado nesse ataque, Salsinha passou a liderar o grupo de fugitivos que, há quase dois meses, se tem movimentado nas áreas montanhosas de Ermera e Bobonaro (oeste).

«Vamos pôr de sobreaviso a população da área, que não deve sair de casa nos dias da operação. Se saírem e forem vistos a fugir das forças, vão ser alvejados», declarou Xanana Gusmão à Lusa.

Hoje mesmo, os comandantes da operação «Halibur» de captura de Salsinha deslocaram-se a Maubisse (oeste), para participar numa cerimónia religiosa e aproveitar a ocasião «para explicar aos muitos jovens presentes a estratégia das autoridades», afirmou à Lusa uma fonte do Comando Conjunto.

Objectivo semelhante norteou o presidente interino, Fernando «La Sama» de Araújo, num périplo de dois dias pelo distrito de Bobonaro, quarta e quinta-feira, de helicóptero, contactando populações nas áreas de refúgio do grupo de Salsinha.

Na entrevista de hoje, Xanana Gusmão explicou que a operação «Halibur» teve três objectivos, o primeiro dos quais era «criar um sentimento de dever comum colectivo das duas instituições perante o Estado», referindo-se à Polícia Nacional e às Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste.

«Devo dizer que conseguimos. Nunca se pensou que as duas forças, que se andaram a matar uma à outra (em 2006), pudessem depois trabalhar em conjunto dessa maneira», salientou o primeiro-ministro.

Outro objectivo cumprido pela «Halibur» foi «reganhar contacto com a população, que com dois anos de influência do Reinado e do seu grupo, estava um bocado distanciada das nossas forças».

O terceiro objectivo «é preciso exercer pressão sobre o grupo do Salsinha, o que permitiu que alguns elementos se rendessem», acrescentou Xanana Gusmão.

Sexta-feira, um juiz internacional do Tribunal de Distrito de Díli impôs a medida de prisão preventiva a mais dois elementos do grupo de Gastão Salsinha.

Os dois homens, Alexandre Araújo (Alex), da Polícia Nacional, e Bernardo da Costa (Cris), das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste, foram formalmente detidos no acantonamento de peticionários de Aitarak Laran, em Díli, depois de decidirem entregar-se ao Comando Conjunto.

Até agora, sete dos oito arguidos no processo relativo ao 11 de Fevereiro estão em prisão preventiva. Apenas Angelita Pires, ex-assessora legal de Alfredo Reinado, aguarda julgamento em liberdade, com termo de identidade e residência.

Domingo, o chefe de Governo tem um encontro com os comandantes da operação «Halibur» no terreno.

Gastão Salsinha foi o líder dos peticionários das Forças Armadas em 2006 e juntou-se a Alfredo Reinado em Novembro de 2007, numa parada militar em Gleno.

«O 11 de Fevereiro foi um desfecho trágico, em termos do Estado, dos problemas de 2006, que não são (iniciados) a 28 de Abril. Tudo tem de ser compreendido para trás», explicou Xanana Gusmão sobre as raízes dos «atentados» contra o topo do Estado.

«Andámos um bocado a brincar», acrescentou Xanana Gusmão, que entende o 11 de Fevereiro como «um falhanço de liderança em muitos aspectos».

Xanana Gusmão recusou, no entanto, qualquer comentário sobre as investigações, «que competem às autoridades judiciais».

«Muita gente fala dos mistérios, dos mistérios. Que se desvendem esses mistérios. Eu apenas repito o que as outras pessoas dizem», declarou apenas o primeiro-ministro.

Lusa/SOL Online, 5/04/2008


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