Avançar para o conteúdo principal

Os jovens e a escolha profissional

Jornadas Internacionais de Orientação Escolar e Profissional
Especialista considera influência familiar decisiva na escolha profissional

A escolha da carreira profissional, uma das decisões mais importantes da vida, é condicionada por vários factores, assumindo a família uma especial importância nas questões sócio-emocionais, que são fundamentais para a tomada de decisão, defende a especialista Marisalva Fávero.

"Não basta gostar muito e ter vocação, como antigamente se pensava, é preciso reunir um conjunto de habilidades e capacidades para desempenhar uma profissão", afirmou hoje Marisalva Fávero, que preside às Jornadas Internacionais de Orientação Escolar e Profissional, a decorrer no Instituto Superior da Maia (ISMAI). A especialista salientou, ainda, que "uma pessoa pode ter vocação para ser médico, mas não ter competências emocionais e cognitivas para essa profissão".

Nestas jornadas estiveram em análise os diversos factores que interferem na escolha que os jovens têm que fazer quanto à sua carreira profissional, uma opção que tem que ser tomada pela primeira vez aos 14 anos. "Não é possível definir o peso de cada factor na escolha da profissão. Os diversos factores envolvidos vão interagindo ao longo do desenvolvimento, interferindo com a escolha em todos os níveis", frisou Marisalva Fávero, salientando, no entanto, a importância do ambiente familiar. "É de pequenino que se torce o pepino", acrescentou, defendendo que "é desde pequeno que se ajuda as pessoas a responsabilizarem-se pelas suas opções". Segundo Marisalva Fávero, existe uma "influência transgeracional na escolha da profissão", salientando o papel que é desempenhado pelos pais e pelos avós.

Esta questão foi abordada pela especialista espanhola Elvira Repetto Talavera, numa comunicação que apresentou nas jornadas sobre as implicações das competências sócio-emocionais. Na sua intervenção, defendeu que as famílias democráticas geram nos jovens competências como auto-confiança, auto-controlo, alegria, curiosidade e cooperação, enquanto as famílias autoritárias promovem temor, apreensão, infelicidade, ausência de objectivos e vulnerabilidade perante os outros.

Por outro lado, as famílias permissivas criam nos jovens competências como rebeldia, falta de confiança, impulsividade e agressividade."Com a educação emocional não se obtêm benefícios materiais, mas atinge-se maior profundidade em cada contacto humano, em cada relação interpessoal", defendeu a especialista espanhola.

A orientação profissional, apesar de ser uma actividade já com raízes em Portugal, enfrenta actualmente novos desafios, como o facto de a escolha da profissão já não ser, obrigatoriamente, uma decisão para toda a vida. "A escolha pode ser muito clara e a pessoa pode responsabilizar-se por ela, mas isso não quer dizer que não possa mudar", defendeu Marisalva Fávero, salientando que a constante mudança e novidade da vida moderna faz com que as opções profissionais tenham deixado de ser "para toda a vida".

Nesse sentido, a especialista brasileira, radicada há quase duas décadas em Portugal, defendeu que se "deve retirar (aos jovens) o peso de assumir uma escolha para toda a vida". "Actualmente, esta questão coloca-se em todas as áreas do nosso comportamento, mas no caso profissional é extremamente importante porque vai marcar e ocupar uma grande parte da nossa vida", frisou.

Para Marisalva Fávero, o mais importante é que a escolha profissional seja feita com conhecimento, alertando que "muitas vezes, escolhe-se uma profissão porque se conhece alguém com essa actividade que tem um bom carro ou viaja muito". "É preciso trabalhar a informação profissional", defendeu, salientando que o papel dos especialistas nesta área "não é tanto orientar, mas facilitar a escolha".

Lusa / Público Online, 11/04/2008

Comentários

Mensagens populares deste blogue

23/01: o modelo ADD do ME pode vir a ser suspenso!

Paulo Portas - no seu discurso de encerramento do Congresso do CDS-PP - solicitou ao Secretário-geral do Partido Socialista José Sócrates para conceder liberdade de voto aos deputados da bancada do PS na votação da proposta do seu partido do diploma de um novo modelo de avaliação do desempenho docente agendada para dia 23/01, 6ª feira.

Comandos Timorenses - Rostos (1)

Capitão Chung discursando numa festa de confraternização da Associação de Comandos com os refugiados timorenses no ano de 1978. No palco, estão em primeiro plano o capitão Chung (passou à reserva com o posto de coronel) e ao fundo as crianças do coro Loro Sa'e, dirigido pelo maestro Cornélio Vianey da Cruz. Vicente Guterres, actual deputado do Parlamento Nacional timorense  - e ex-Presidente do mesmo parlamento que renunciou ao cargo em 5 de maio de 2016 - em frente ao Monumento dos Comandos, no Regimento dos Comandos de Amadora. Foto tirada em Maio de 1982. Fez o curso de Comando no 1º turno de 1982.