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Timor: Indonésia vai treinar comandantes da Polícia Nacional

A Indonésia vai treinar os oficiais superiores da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), afirmou hoje à agência Lusa o secretário de Estado da Segurança timorense, Francisco Guterres.

«Os comandantes terão treino na Indonésia», anunciou Francisco Guterres na Academia de Polícia, em Díli, à margem da cerimónia de início da formação de instrutores da PNTL pela GNR.

A formação de cem oficiais superiores timorenses na Indonésia, com a duração de meio ano, será feita em Jacarta ou em Bali, após uma certificação de qualidade do curso feita por assessores de segurança australianos.

«Queriam mandar os líderes da PNTL para Portugal mas eles não falam a língua (portuguesa). Falam mais o indonésio e por isso discutimos com a Indonésia para organizar o curso«, explicou o secretário de Estado da Segurança timorense.

Segundo Francisco Guterres, já existe um memorando de entendimento entre os governos timorense e indonésio e o acordo definitivo para a formação dos oficiais deverá ser concretizado em Abril.

O curso permitirá a escolha dos futuros comandantes da PNTL, que, desde a crise de 2006 e a implosão da instituição, tem uma estrutura de comando interina que depende da Polícia das Nações Unidas e da Missão Integrada da ONU em Timor-Leste (UNMIT).

«Será um curso de liderança para tomarem decisões efectivas em situações difíceis», explicou Francisco Guterres.

«Se os comandantes da Polícia não tiverem essa capacidade de tomada de decisões, estragamos toda a instituição».

«Agora temos um comandante interino», explicou o secretário de Estado quando questionado sobre a possibilidade da efectivação do inspector Afonso de Jesus como comandante da PNTL.

«Um comandante interino não faz nada. Só fica lá e não pode tomar decisões. Queremos apressar isto para ter uma estrutura definitiva», acrescentou Francisco Guterres, aludindo ao processo de certificação e formação da PNTL pela UNPol.

«No final do ano 2008, teremos a estrutura da PNTL completa. Se o processo de 'mentoring' (acompanhamento) se estende por mais meio ano ou até para além disso, a estrutura pode ficar paralisada».

Francisco Guterres ressalvou que «o Governo está satisfeito com o actual processo de certificação mas temos que apressá-lo, porque às vezes a resolução de problemas cria novos problemas».

«O processo é bom e pode ajudar a uma reconstrução da PNTL. Mas não podemos ficar parados à espera de pessoas para colocar nas estruturas que estamos a organizar», explicou Francisco Guterres.

O governante timorense sublinhou que «o 'mentoring' não é muito efectivo e é muito demorado. Há polícias que estão em subdistritos onde não há UNPol e que podem lá ficar para sempre à espera de acompanhamento».

Neste momento, o Governo timorense discute com as chefias da UNPol em Díli e com o Departamento de Operações de Manutenção de Paz da ONU, em Nova Iorque, a alteração do modelo de certificação da PNTL.

A formação de instrutores pela GNR, segundo Francisco Guterres, insere-se no novo rumo que o Governo pretende imprimir à reconstrução e reforma da PNTL.

A GNR iniciou hoje a formação do primeiro curso de 31 elementos e fará a formação directa de um segundo grupo.

Os 62 instrutores timorenses serão responsáveis pela instrução de todos os elementos da Polícia, afirmou o secretário de Estado da Segurança.

«É uma instrução de instrutores, um curso de três meses em que o objectivo é incutir o espírito de corpo e disciplina nos elementos e prepará-los para dar instrução futura na PNTL», afirmou à agência Lusa o tenente Luís Fernandes da GNR.

Instrutores da GNR deram, anteriormente, formação em ordem pública a 60 elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) da PNTL.

Francisco Guterres rejeitou qualquer conflito de competências entre a UIR e a Task Force, uma unidade especial da PNTL criada em Dezembro para o distrito de Díli.

«Ao nível do Comando Geral (da PNTL) temos a UIR. Ao nível dos distritos, temos a Task Force. Se a UIR não pode resolver, chamamos a Polícia Militar. É um mecanismo claro.

O comandante do distrito (da PNTL) vai ser o coordenador no terreno desta actuação», explicou Francisco Guterres.

O secretário de Estado mostrou-se «satisfeito» com a actuação da Task Force nos primeiros meses.

«A Task Force está a fazer um bom trabalho porque foi estabelecida para proteger os fracos e as vítimas. Não foi (criada) para proteger os bandidos», declarou Francisco Guterres.

«Antes da Task Force, uma pessoa ia com uma faca e matava uma pessoa sem protecção», exemplificou o secretário de Estado, citando um «caso chocante» ocorrido recentemente no centro da capital.

«Não há problemas com a Task Force, que ajudou muito a dar uma segurança à população», adiantou.

«O que vamos é melhorar as atitudes. Alguns gritam pelos direitos humanos. Vamos ver isto. Teremos treino especializado para isso. Mas precisamos de uma Task Force forte», disse também o secretário de Estado da Segurança.

«Estamos num estado de recuperação da confiança dos membros da PNTL entre si, que foi destruída em 2006, entre oficiais e agentes«, afirmou Francisco Guterres sobre o actual momento da Polícia.

«Agora começam a ganhar confiança e a desenvolver o espírito de corpo e a pensar que a PNTL é uma instituição do Estado que tem que contribuir para a estabilidade do país», frisou.

Para o secretário de Estado da Segurança, «a outra fase é mexer nas mentalidades e atitudes».

Diário Digital / Lusa
31-03-2008 15:30:00


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O meu comentário:

Sou de opinião que o comandante geral da polícia timorense deve ser um oficial superior das forças da defesa timorense (F-FDTL) destacado para esta missão. Assim o foi em Portugal até há apenas alguns anos. A ser assim, deixava de haver rivalidade entre as duas forças do Estado armadas, e haveria mais sentido de dever e de missão dos agentes policiais na defesa de cidadãos e de seus bens.

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