Mais uma alfinetada a UNMIT: Xanana explica as razões pelas quais vai alongar a sua intervenção.
«Eu ia fazer uma intervenção breve, mas peço licença a V.Exas para falar mais um bocadinho, porque eu, também, li ontem um bom e óptimo documento da UNMIT. Fiquei contente ao ler o "Wikileaks" de Timor ou a "ONUleaks" que o Tempo Semanal divulgou ontem.
A 24 de Janeiro deste ano, a UNMIT fez uma apresentação para o seu staff subordinada ao tema «Governação Democrática em Timor-Leste». Nesta apresentação afirmou-se que Xanana Gusmão é o maior obstáculo ao desenvolvimento da democracia em Timor-Leste. Estou deveras contente porque eles demonstram que não conhecem Xanana Gusmão. E, agora, eu declaro a todos vós, e aproveito para lhes dizer [a UNMIT] também, como, em 2009, respondi à Inteligência australiana quando me questionaram sobre as motivações de compra de navios patrulha à China.
Xanana Gusmão era marxista-leninista enquanto membro do Comité Central da Fretilin que aclamou o Marxismo-Leninismo como ideologia da Fretilin a 20/05/1977, em Laline. Os que participaram, também, naquele evento e ainda vivos são Abel Larisina, Má Huno e Filomeno Paixão.
Se Xanana Gusmão quisesse ser Presidente da Fretilin e Presidente da RDTL, a 3/03/1981, na Conferência da Reorganização da Luta, tinha o caminho livre para ele. E recusou, porque estava mais preocupado em aprender a dirigir a guerra para ganhar a independência. E com a sua influência é que foi escolhido o sr. Abílio de Araújo [para os cargos acima referidos], que se encontrava naquela altura em Lisboa com outros companheiros.
Em Março de 1983, Xanana Gusmão apresentou o Plano de Solução para a Guerra, o qual só em 1999 é que a ONU foi capaz de aplicar.
Em 1986, Xanana Gusmão levou um ano para estudar [e encontrar] a melhor estratégia para conduzir a guerra, o que o levou a sair do Partido Fretilin para poder abraçar todos os outros partidos a fim de abrir caminho para o multipartidarismo. Os companheiros da Delegação da Fretilin no Exterior escreveram-lhe cartas, para o mato, a dizer que não concordavam com esta estratégia e, alguns, até o apelidaram traidor... à revolução... até à data.
A UNMIT e as Agências da ONU esquecem-se que, em 2001, depois de aprovado o Plano de Transição para a Restauração, a 20/05, Xanana Gusmão não se envolveu mais no processo da UNTAET e não se envolveu mais no processo político dos partidos para a eleição da Assembleia Constituinte, retirando-se, a fim de olhar pelos veteranos e ganhar 500 (quinhentos) dólares do Banco Mundial como desmobilizado das Falintil.
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