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O Cheque-Boi

No Brasil, há uma expressão alternativa para cheque careca. Diz-se cheque-boi porque, quando se recebe um desses papelinhos e se desconfia da cobrança pensa-se, qual bovino,"Mmmm", que é como quem diz "aqui há gato". A proposta do PS de oferecer 200 euros a cada recém-nascido não é um cheque-bebé. É um cheque-boi. Espanha, por exemplo, atribui 2500 euros e muitos países europeus superam esse valor. Estes 200 euros, que não dariam nem para fraldas, ficarão no banco até o jovem ter 18 anos (aí receberá 500 euros), como se a preocupação dos pais não fosse no pós-parto mas quando a criança atinge a maioridade. É com este bom senso que o PS prefere esse cheque à melhoria da rede pública de infantários ou um abono de família mensal de nível europeu (150 euros).

Já a banca arrecada 200 euros por cada nascimento. Anualmente, corresponde a 150 milhões. Ao fim de dezoito anos, os zeros da quantia não cabem nesta crónica. O que parecia uma política social é, afinal, um financiamento encapotado à banca. O PS defende que a proposta é um incentivo à poupança. Mas esquece-se de dizer de quem. O amealhar é dos bancos, embora a crise não lhes faça mossa. As quatro maiores instituições bancárias privadas portuguesas ganharam mais 17, 4% neste primeiro semestre do que em 2008. Quatro milhões de euros de lucros por dia. Mmmmm.

JOANA AMARAL DIAS
Correio da Manhã, 1 Agosto 2009

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