«Se há coisa que ficou clara na derrota confrangedora do PS para baixo da barreira mítica do milhão de votos [946.318] foi que, mais do que políticas, José Sócrates tem de mudar a forma como as elege, como as comunica e a imagem do seu governo sempre que justifica. A governação para as estatísticas (na saúde, na educação, na segurança) e a governação show off (glosando medidas que valem por si, como o Magalhães) não valem em nada quando milhares perdem o emprego diariamente ou vêem as sua empresas fecharem. Sócrates devia ter dado ouvido a Cavaco e transmitido a verdade dos factos e da crise de forma clara, mandando calar os ministros que insistem em vender ilusões. O que os eleitores puniram acima de tudo nestas eleições europeias - que os portugueses continuarão a desvalorizar enquanto figuras como José Lello as considerarem "a feijões" (dixit, DN, 11 de Junho) - foi uma certa forma de fazer política. Foi a arrogância do ter sempre certezas sem admitir qualquer discussão (até na escolha de Vital [Moreira]), o quero, posso e mando sem dar ouvidos a quaisquer sugestões, a falta de humildade para arrepiar caminho da maioria dos ministros. E é por isso que boas reformas, boas decisões e opções estratégicas correm o risco de cair nestes três meses em que o Governo, já sem tempo para alterações profundas e acossado pelo aviso de 7 de Junho (7J) e pela pressão da oposição (à esquerda e à direita, com [Manuel] Alegre pelo meio), dificilmente deixará de ceder às tentações eleitoralistas.»
Filomena Martins, Directora-adjunta (DN - Diário de Notícias, 13/06/2009)
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