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Um pouco de poesia (2)

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht (1898-1956)

Comentários

Anónimo disse…
PARECE QUE OFENDI O PROFESSOR!

Parece que ofendi o Professor
Com o meu humor
Sobre Timor
Mas que horror
Meu Senhor!

Aqui de coisas serias, falo
E a economia, estupido, do galo
Do arregalo
A monta-lo
Toma a pau se nao, te calo!

E viva a democrasia
Que esta com desinteria
Se nao fosse verdade, mentiria
Valha-me a Nossa Senhora Maria
Anda para aqui muita alcovitaria!

Fez-me lembrar Salazar
Marcelo e Pinocrates, o meu azar
Mas como democrata, nao vou calar
Pois sou humano a comentar
Nem a PIDE nos fez CALAR!


Ze da Labia
Sebastião,

e este poema?

Poema Pouco Original do Medo
O medo vai ter tudo
pernas a
mbulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis
Vai ter olhos onde ninguém o veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no teto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos

O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras
casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projectos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com a certeza a deles

Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados

Ah o medo vai ter tudo
tudo
(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)

O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos

Sim
a ratos

Alexandre O’Neil
http://escolarevisitada.blogspot.com/2009/01/poema-pouco-original-do-medo.html

Abraço e votos de boa semana!

E já agora, espreite as Bonecas de Ataúro em http://umalulik.blogspot.com/2009/02/rota-das-bonecas.html Aí, remetemos para os links da 'acção' :-)
Sebastião disse…
Margarida,

Obrigado pelo envio deste lindo poema. É tradução fiel do ambiente por qual está a atravessar algumas (muitas) das nossas escolas.

Peço autorização para postar na página de frente.

Agora, vou fazer-vos uma visita a "Umalulik".

Abraço de
Sebastião.
Sebastião,

infelizmente é um poema que tem circulado muito por e-mail e em blogues dada a sua pertinência nesta actualidade doente ...

Abraço amigo,
M.

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