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Atentado contra PR e PM timorenses


20-02-2008 16:53:01
Ataques no Timor estavam relacionados, diz relatório da ONU

Díli, 20 fev (Lusa) - Os dois ataques contra o presidente e o primeiro-ministro timorenses "estavam relacionados, foram feitos pelo mesmo grupo" e tinham "o mesmo propósito de eliminar os mais altos titulares", concluiu o primeiro relatório das Nações Unidas.As conclusões preliminares constam de documentos confidenciais obtidos pela Agência Lusa, relativos ao trabalho do Departamento de Investigações Nacionais (NID) da Missão Integrada das Nações Unidas no Timor Leste (UNMIT). Os resultados da investigação do NID foram transmitidos à Procuradoria-geral da República do Timor Leste. Os documentos obtidos pela Lusa estão datados de 12 de fevereiro de 2008 e fornecem uma descrição detalhada dos ataques à residência de José Ramos Horta, a leste de Dili, e à comitiva de Xanana Gusmão, na estrada de Balíbar, nas montanhas a sul da capital.
Preparação
Os acontecimentos descritos pelo NID iniciam-se na manhã de 11 de fevereiro de 2008, com a chegada de dois veículos ao portão principal da residência do presidente José Ramos Horta. "Um guarda das F-FDTL (Falintil-Forças de Defesa do Timor Leste) estava nesse local a essa hora. Doze a treze pessoas em uniforme militar saíram dos carros. Todos tinham espingardas", apurou o NID. As armas utilizadas eram "provavelmente" do tipo M16, FLC e HK33. "Três dos agressores não tinham máscaras e prenderam o guarda das F-FDTL, que os reconheceu como sendo os militares Francisco, Marcelo Caetano e um ex-elemento da PNTL (Polícia Nacional) com a apelido de Susak", segundo os documentos obtidos pela Lusa. O relatório diz ainda que "sete elementos, incluindo o major Alfredo Reinado, entraram no jardim do presidente pelo portão principal", acrescentando que "todos estavam mascarados, exceto o major Alfredo Reinado. "Quatro deles, incluindo o major Reinado, dirigiram-se diretamente às duas tendas no lado oposto ao do portão e outros três ficaram dentro, mas à direita da entrada, atrás do muro".
Aproximação
Mais três integrantes do grupo de Alfredo Reinado, "também mascarados, foram para o segundo portão", um pouco abaixo na mesma estrada, que o próprio José Ramos Horta designou como boulevard John Kennedy. "Esses elementos entraram no recinto por esse lado, mas não encontraram o presidente e por isso voltaram ao portão e ficaram na estrada principal", afirma o texto. Em seguida, "um carro das F-FDTL passava proveniente de Metinaro". A viatura e o seu motorista foram atingidos pelos três elementos que estavam do lado de dentro do muro, no portão principal da residência, o que provocou ferimentos no membro das F-FDTL e a colisão do jipe na valeta, deixando o motorista "gravemente ferido". "O presidente José Ramos-Horta regressava da sua corrida junto à praia com os dois guardas das F-FDTL. No caminho, ouviram tiros e um civil (provavelmente australiano) disse-lhes que o Exército Australiano estava em exercícios na vizinhança", afirma a investigação do NID. "O presidente e os seus guarda-costas prosseguiram para a residência. Quando se aproximaram, viram o carro das F-FDTL na valeta e uma moto do outro lado. Pensaram que era um acidente de trânsito. E continuaram na direção da residência", indica o documento obtido pela Lusa.
Ataques
"A cerca de 50 metros da residência, (o presidente e os seus seguranças) viram três pessoas de máscara na estrada. Um dos seguranas (que estava em traje civil e sem armas) disse ao presidente para se deitar no chão. Um dos agressores deu dois tiros na direção do presidente, que o atingiram no lado direito do peito", segundo o texto. "O segundo segurança (que estava também em traje civil, mas armado com uma pistola de calibre 45) fez alguns disparos contra os agressores, mas eles fugiram a pé pelas colinas". "Ao mesmo tempo, mais três agressores que estavam de guarda ao soldado das F-FDTL no portão principal começaram a correr para as montanhas. Levaram a arma do soldado (uma M16)", segundo os testemunhos recolhidos pelo NID. "Entretanto, dentro do recinto, Alfredo Reinado tentava encontrar o presidente e estava próximo de uma das tendas. Naquele momento, onze agentes das F-FDTL estavam nos seus alojamentos".
Reacção
Segundo o NID, um oficial das F-FDTL foi acordado por um rapaz que o alertou para o ataque do major Alfredo Reinado. O militar "levantou-se, pegou na sua metralhadora MINIME e saiu do seu quarto tentando evitar espaço aberto. Passou atrás dos dormitórios do lado direito do recinto (para quem olha do portão principal) e aproximou-se do espaço aberto diante das tendas". Em seguida, o oficial "viu o major Reinado e outro agressor (que tinha uma máscara). Disparou na direção deles (com tiro automático). Atingiu o major Alfredo e o mascarado ao mesmo tempo. Continuou protegido durante algum tempo até ter a certeza de que outros agressores tinham fugido". O militar se aproximou então do major Reinado, "que estava de cara para o chão, virou o corpo e tirou-lhe a arma". Fez o mesmo com o segundo terrorista "e tirou-lhe a arma e a máscara". O integrante do grupo de Reinado "foi mais tarde identificado como Leopoldino Mendonça Exposto pelo tenente-coronel João Miranda das F-FDTL e pelo general Maunana". As armas do major Reinado (uma FLC) e de Leopoldino Mendonça Exposto (uma HK) foram apreendidas, mas "os oficiais das F-FDTL recusaram entregar (ao NID) a metralhadora MINIME que foi usada pelo soldado das F-FDTL para matar Alfredo e o seu companheiro". Durante o inquérito, o NID obteve 13 depoimentos " e algumas testemunhas foram localizadas posteriormente e por isso será necessário falar com essas pessoas", diz o relatório sobre o ataque à residência de José Ramos Horta.

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