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Chefe militar português canonizado

O Condestável D. Nuno Álvares Pereira (1360-1435), herói da independência de Portugal, foi elevado às honras do altar pelo Papa Bento XVI, hoje, passado quase um século da sua beatificação. D. Nuno já era considerado santo pelo povo desde a sua morte. Desde então se fez diligência junto da Santa Sé para a sua beatificação e canonização, tendo encontrado obstáculos vários junto do Vaticano - crê-se que por influência da Castela - para o processo não avançar. Apenas em fins do século XVIII - quatro séculos após a sua morte - se reconstituiu o 'processo', tendo o Frei Nuno de Santa Maria sido beatificado em 1910. Finalmente, hoje, aos vinte e seis dias do mês de Abril do ano de dois mil e nove, D. Nuno Álvares Pereira foi canonizado Santo.

Luís da Camões enaltece os feitos bélicos de D. Nuno e realça a sua grande devoção a Deus no seu poema épico Os Lusíadas. Na estrofe 12, Canto I, Camões apresenta D. Nuno Álvares Pereira como um dos heróis portugueses cujos feitos merecem ser cantados: "Por este vos darei um Nuno fero, / Que fez ao Rei e ao Reino tal serviço". Relativamente à batalha de Aljubarrota, na qual o agora Santo mostrou todo o seu génio militar e a sua forte convicção religiosa ao desbarratar o numeroso exército castelhano, sendo os efectivos da tropa portuguesa em desvantagem numérica, Camões dedica-lhe algumas estrofes no Canto VIII:

Estrofe 29

Olha: por seu conselho e ousadia,
De Deus guiada só e de santa estrela,
Só, pode o que impossibil parecia:
Vencer o povo ingente de Castela.
Vês, por indústria, esforço e valentia,
Outro estrago e vitória, clara e bela,
Na gente, assi feroz como infinita,
Que entre o Tarteso e Guadiana habita?

Estrofe 30
Mas não vês quase já desbaratado
O poder Lusitano, pela ausência
Do Capitão devoto, que, apartado,
Orando invoca a suma e trina Essência?
Vê-lo com pressa já dos seus achado,
Que lhe dizem que falta resistência
Contra poder tamanho, e que viesse
Por que consigo esforço aos fracos desse.

Estrofe 31
Mas olha com que santa confiança,
Que inda não era tempo, respondia,
Como que tinha em Deus a segurança
Da vitória que logo lhe daria.
Assi Pompílio, ouvindo que a possança
Dos immigos a terra lhe corria,
A quem lhe a dura nova estava dando,
«Pois eu (responde) estou sacrificando.»

Estofe 32
Se quem com tanto esforço em Deus se atreve
Ouvir quiseres como se nomeia,
Português Cipião chamar-se deve;
Mas mais de Dom Nuno Álvares se arreia,
Ditosa Pátria que tal filho teve!
Mas antes, pai; que, enquanto o Sol rodeia
Este globo de Ceres e Neptuno,
Sempre suspirará por tal aluno.

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