Timor-Leste: Jackie Chan lança apelo à prática pacífica das artes marciais
Díli, 25 Jun (Lusa) - O actor chinês e especialista de kung-fu Jackie Chan lançou hoje em Díli, Timor-Leste, um apelo ao respeito pelo carácter pacífico das artes marciais.
"O objectivo das artes marciais, qualquer que seja o estilo e a modalidade, é sempre o mesmo: a unidade, a disciplina, o respeito", afirmou Jackie Chan perante uma multidão entusiasmada de cerca de 3.500 praticantes timorenses.
Os praticantes de artes marciais ficaram em 2007 associados à escalada de violência urbana e de combates de rua na capital de Timor-Leste e alguns dos líderes dos grupos mais conhecidos estão presos ou envolvidos em processos judiciais.
Jackie Chan chegou terça-feira a Timor-Leste para uma visita de três dias como embaixador da Boa-Vontade da Unicef (o fundo das Nações Unidas para a Criança).
A demonstração de artes marciais por vários grupos timorenses, no Estádio Municipal de Díli, diante de Jackie Chan e do primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, foi o ponto alto da agenda do actor chinês em Timor-Leste.
"Não tenho nada para vos dar. O presente que vos deixo é a minha experiência de vida e as palavras do meu pai há 40 anos", disse Jackie Chan aos jovens no relvado e nas bancadas.
Jackie Chan teve uma infância difícil, por ter nascido numa família pobre de Hong Kong e porque o pai emigrou para a Austrália. Jackie, com seis anos de idade, ficou sozinho numa escola de artes marciais.
"O meu pai disse-me que eu ia ficar sem ninguém e que devia lembrar três coisas: nunca entrar nas drogas, nunca entrar nos gangs e nunca entrar no jogo", recordou hoje Jackie Chan aos jovens timorenses.
"Vocês têm sorte. Têm um país novo e um governo novo para vos ajudar. Eu não tive nada disso. Eu não tinha futuro. Esperava sempre pela Cruz Vermelha e pela Unicef para me darem comida e roupa", acrescentou o actor chinês.
"Hoje podem pensar que grande estrela é o Jackie Chan, que grande idiota, mas eu comecei sem nada. Durante anos tive uma vida difícil de treino, treino, treino", disse também o actor.
Jackie Chan recordou também o dia em que, ainda como aluno da escola onde foi colocado, ele e os colegas enfrentaram um grupo rival num combate de rua. Foram depois castigados fisicamente pelo mestre.
"As artes marciais não são para combater na rua, não são para usar contra alguém nem estragar coisas", explicou Jackie Chan. "Se usarem as artes marciais contra alguém indefeso, não são heróis, não são ninguém".
Jackie Chan assistiu a demonstrações de vários grupos timorenses, de várias artes marciais asiáticas como o kera sakti, perisai diri, huschu, karaté, taekwondô, kempo, aikidô, seruling dewata e o pencak silat, esta última com origem na Indonésia.
Entre os grupos que desfilaram perante Jackie Chan esteve o PSHT (de pencak silat como indicam as inicias do acrónimo indonésio), um dos maiores em Timor-Leste, envolvido em 2007 numa disputa com o grupo "77" de que resultaram várias vítimas.
Outro dos grupos presentes na cerimónia de hoje foi o Korka, considerado, em diferentes estudos específicos, no território das artes rituais timorenses.
Jackie Chan teve também a oportunidade de assistir a uma demonstração da dança do dragão por quatro jovens sino-timorenses, da Associação Comercial da Comunidade Chinesa de Timor Oriental (ACCCTO), muito aplaudida pelos jovens de ascendência chinesa.
De manhã, Jackie Chan viajou de helicóptero para o distrito de Ainaro (oeste), onde se encontrou com líderes de grupos tradicionais de artes marciais, incluindo o Korka, de quem ouviu as preocupações da juventude no interior do país.
"As artes marciais podem ensinar-nos muitas coisas", declarou Jackie Chan em Ainaro e em Díli. "Nunca devem ser usadas para ameaçar ou agredir alguém".
Na sequência da crise de 2006, os grupos de artes marciais participaram de um processo nacional de diálogo e participaram de cerimónias próprias de reconciliação.
A actividade dos grupos, que abrange a maior parte da população jovem de Díli, é objecto de uma lei que deverá ser em breve aprovada pelo Parlamento.
PRM
Expresso Online/Lusa, 25-06-2008
Díli, 25 Jun (Lusa) - O actor chinês e especialista de kung-fu Jackie Chan lançou hoje em Díli, Timor-Leste, um apelo ao respeito pelo carácter pacífico das artes marciais.
"O objectivo das artes marciais, qualquer que seja o estilo e a modalidade, é sempre o mesmo: a unidade, a disciplina, o respeito", afirmou Jackie Chan perante uma multidão entusiasmada de cerca de 3.500 praticantes timorenses.
Os praticantes de artes marciais ficaram em 2007 associados à escalada de violência urbana e de combates de rua na capital de Timor-Leste e alguns dos líderes dos grupos mais conhecidos estão presos ou envolvidos em processos judiciais.
Jackie Chan chegou terça-feira a Timor-Leste para uma visita de três dias como embaixador da Boa-Vontade da Unicef (o fundo das Nações Unidas para a Criança).
A demonstração de artes marciais por vários grupos timorenses, no Estádio Municipal de Díli, diante de Jackie Chan e do primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, foi o ponto alto da agenda do actor chinês em Timor-Leste.
"Não tenho nada para vos dar. O presente que vos deixo é a minha experiência de vida e as palavras do meu pai há 40 anos", disse Jackie Chan aos jovens no relvado e nas bancadas.
Jackie Chan teve uma infância difícil, por ter nascido numa família pobre de Hong Kong e porque o pai emigrou para a Austrália. Jackie, com seis anos de idade, ficou sozinho numa escola de artes marciais.
"O meu pai disse-me que eu ia ficar sem ninguém e que devia lembrar três coisas: nunca entrar nas drogas, nunca entrar nos gangs e nunca entrar no jogo", recordou hoje Jackie Chan aos jovens timorenses.
"Vocês têm sorte. Têm um país novo e um governo novo para vos ajudar. Eu não tive nada disso. Eu não tinha futuro. Esperava sempre pela Cruz Vermelha e pela Unicef para me darem comida e roupa", acrescentou o actor chinês.
"Hoje podem pensar que grande estrela é o Jackie Chan, que grande idiota, mas eu comecei sem nada. Durante anos tive uma vida difícil de treino, treino, treino", disse também o actor.
Jackie Chan recordou também o dia em que, ainda como aluno da escola onde foi colocado, ele e os colegas enfrentaram um grupo rival num combate de rua. Foram depois castigados fisicamente pelo mestre.
"As artes marciais não são para combater na rua, não são para usar contra alguém nem estragar coisas", explicou Jackie Chan. "Se usarem as artes marciais contra alguém indefeso, não são heróis, não são ninguém".
Jackie Chan assistiu a demonstrações de vários grupos timorenses, de várias artes marciais asiáticas como o kera sakti, perisai diri, huschu, karaté, taekwondô, kempo, aikidô, seruling dewata e o pencak silat, esta última com origem na Indonésia.
Entre os grupos que desfilaram perante Jackie Chan esteve o PSHT (de pencak silat como indicam as inicias do acrónimo indonésio), um dos maiores em Timor-Leste, envolvido em 2007 numa disputa com o grupo "77" de que resultaram várias vítimas.
Outro dos grupos presentes na cerimónia de hoje foi o Korka, considerado, em diferentes estudos específicos, no território das artes rituais timorenses.
Jackie Chan teve também a oportunidade de assistir a uma demonstração da dança do dragão por quatro jovens sino-timorenses, da Associação Comercial da Comunidade Chinesa de Timor Oriental (ACCCTO), muito aplaudida pelos jovens de ascendência chinesa.
De manhã, Jackie Chan viajou de helicóptero para o distrito de Ainaro (oeste), onde se encontrou com líderes de grupos tradicionais de artes marciais, incluindo o Korka, de quem ouviu as preocupações da juventude no interior do país.
"As artes marciais podem ensinar-nos muitas coisas", declarou Jackie Chan em Ainaro e em Díli. "Nunca devem ser usadas para ameaçar ou agredir alguém".
Na sequência da crise de 2006, os grupos de artes marciais participaram de um processo nacional de diálogo e participaram de cerimónias próprias de reconciliação.
A actividade dos grupos, que abrange a maior parte da população jovem de Díli, é objecto de uma lei que deverá ser em breve aprovada pelo Parlamento.
PRM
Expresso Online/Lusa, 25-06-2008
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