"Odeio as viagens e os exploradores. E aqui estou eu disposto a relatar as minhas expedições. Mas quanto tempo para me decidir!" Com esta "frase falhada" começa Tristes Trópicos, um grande e melancólico livro do século XX. O seu autor, enquanto espera por Novembro para fazer cem anos, ouve Wagner, lê Proust, olha os quadros de Poussin e lembra a selva amazónica. Para que esta data seja mais do que uma data, a colecção Pléiade acaba de acolher Claude Lévi-Strauss, publicando num volume sete (sete é um número mágico!) dos seus livros maiores. Entregue à mediocridade agitada do tempo, simbolizada pela estridente dupla aventureiro-cantora que lhe preside, a França, já sem génios nem heróis, atira-se a Lévi-Strauss como um náufrago à sua tábua de salvação. Em frente da noite densa que avança baixa e rasante, o grande antropólogo-escritor é um último clarão crepuscular de grandeza. Aquele que tanto escreveu sobre mitos e mitologias, é, agora que a longevidade o sagrou, um
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