A disciplina do corpo
14:45 Terça-feira, 1 de Abr de 2008
O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano, Gago deve ter voltado a ficar quando leu o Diário de Notícias de 16 de Março. Ficou a saber das vidas difíceis de três estudantes universitárias de Bragança e de Vila Real que, para além do estudo, se dedicam à prostituição. Meretrício superior? Meretrício de mérito? Não teve ocasião de esclarecer. Nem de clarificar quantas alunas, no país, andarão neste misterioso mister.
A exclamação, "maganas!", não sei se lhe terá ocorrido. Mas passado o primeiro choque, tecnológico, deve ter moído no assunto. Alunas sabichonas!? O que podem aprender na universidade que a vida lhes não ensine? Nada. Mas, ensinar, conseguem. Tudo. Uma das alunas, do 3º ano do Politécnico de Bragança, nunca perdeu uma cadeira. Nem um edredão. Os pais, se soubessem, ficariam orgulhosos.
Se o ministro estivesse atento aos sinais dos tempos, deveria pensar na imensa janela - de quarto de casal ou de suite - de oportunidades, para introduzir mudanças profundas no ensino superior. Desde logo no seu, sempre deficitário, financiamento. Se é normal, cada uma daquelas alunas, facturar 200 ou 300 euros por dia, não estarão as propinas das universidades públicas portuguesas desajustadas do custo de vida real? Não será possível uma parceria vida pública/vida privada que proporcione ao ensino superior outro desafogo financeiro? Bastaria indexar uma percentagem dos proventos, da carteira de clientes das alunas mais mundanas, a esse financiamento. Por outro lado, está provado que o ensino prático individualizado é mais eficaz na transmissão do conhecimento. A ancestral transmissão boca a boca é insuperável na ancoragem cognitiva de conteúdos científicos.
Os mais conservadores e alarmistas, que os há sempre, bem podem agitar os perigos das doenças transmissíveis, se o sistema fosse implementado. Mas, aqui também, uma boa parceria entre os ministérios da Ciência e da Saúde ajudaria a preservar a saúde pública, mantendo num patamar de excelência a Saúde e a Educação. A preservar como? Com preservativos. O que se espera então para dar a estas alunas, e a outras que se dediquem às boas práticas, o lugar que merecem na universidade?
Nesta conjuntura, em que se fala tanto de indisciplina, estas alunas devem possuir extraordinária disciplina do corpo. Têm, a olho nu, predicados que as não desonram. Certamente, boa preparação física. Licenciosas já são. Licenciadas não o sabemos se conseguirão. Mas verdadeiras mestras estão. Então mestrados para quê? E doutoramentos? E pós-doutoramentos?
Estimule-se quem tenha os bons conhecimentos. Inverta-se a relação pedagógica que anda definitivamente lânguida e ancilosada. Ponha-se a leccionar, no ensino superior, quem sabe da vida e da poda artística. E quem, apesar da juventude, tem experiência de vida profissional. Pelo menos da que é reconhecidamente uma das mais antigas e estáveis profissões do mundo. Já não chega de amadorismo na universidade e na sociedade portuguesas?
Embora o ministro garanta que o desemprego entre os licenciados não está a aumentar, e que há sempre emprego para os recém-licenciados, o mesmo se passará com as recém-licenciosas?
14:45 Terça-feira, 1 de Abr de 2008
O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano, Gago deve ter voltado a ficar quando leu o Diário de Notícias de 16 de Março. Ficou a saber das vidas difíceis de três estudantes universitárias de Bragança e de Vila Real que, para além do estudo, se dedicam à prostituição. Meretrício superior? Meretrício de mérito? Não teve ocasião de esclarecer. Nem de clarificar quantas alunas, no país, andarão neste misterioso mister.
A exclamação, "maganas!", não sei se lhe terá ocorrido. Mas passado o primeiro choque, tecnológico, deve ter moído no assunto. Alunas sabichonas!? O que podem aprender na universidade que a vida lhes não ensine? Nada. Mas, ensinar, conseguem. Tudo. Uma das alunas, do 3º ano do Politécnico de Bragança, nunca perdeu uma cadeira. Nem um edredão. Os pais, se soubessem, ficariam orgulhosos.
Se o ministro estivesse atento aos sinais dos tempos, deveria pensar na imensa janela - de quarto de casal ou de suite - de oportunidades, para introduzir mudanças profundas no ensino superior. Desde logo no seu, sempre deficitário, financiamento. Se é normal, cada uma daquelas alunas, facturar 200 ou 300 euros por dia, não estarão as propinas das universidades públicas portuguesas desajustadas do custo de vida real? Não será possível uma parceria vida pública/vida privada que proporcione ao ensino superior outro desafogo financeiro? Bastaria indexar uma percentagem dos proventos, da carteira de clientes das alunas mais mundanas, a esse financiamento. Por outro lado, está provado que o ensino prático individualizado é mais eficaz na transmissão do conhecimento. A ancestral transmissão boca a boca é insuperável na ancoragem cognitiva de conteúdos científicos.
Os mais conservadores e alarmistas, que os há sempre, bem podem agitar os perigos das doenças transmissíveis, se o sistema fosse implementado. Mas, aqui também, uma boa parceria entre os ministérios da Ciência e da Saúde ajudaria a preservar a saúde pública, mantendo num patamar de excelência a Saúde e a Educação. A preservar como? Com preservativos. O que se espera então para dar a estas alunas, e a outras que se dediquem às boas práticas, o lugar que merecem na universidade?
Nesta conjuntura, em que se fala tanto de indisciplina, estas alunas devem possuir extraordinária disciplina do corpo. Têm, a olho nu, predicados que as não desonram. Certamente, boa preparação física. Licenciosas já são. Licenciadas não o sabemos se conseguirão. Mas verdadeiras mestras estão. Então mestrados para quê? E doutoramentos? E pós-doutoramentos?
Estimule-se quem tenha os bons conhecimentos. Inverta-se a relação pedagógica que anda definitivamente lânguida e ancilosada. Ponha-se a leccionar, no ensino superior, quem sabe da vida e da poda artística. E quem, apesar da juventude, tem experiência de vida profissional. Pelo menos da que é reconhecidamente uma das mais antigas e estáveis profissões do mundo. Já não chega de amadorismo na universidade e na sociedade portuguesas?
Embora o ministro garanta que o desemprego entre os licenciados não está a aumentar, e que há sempre emprego para os recém-licenciados, o mesmo se passará com as recém-licenciosas?
FALTA DE CASTIGO ,
O BLOGUE DA EDUCAÇÃO E DA FALTA DELA
[blogue alojado no sítio do semanário EXPRESSO],
por José Alberto Quaresma
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