Brasília, 21 Abr (Lusa) - O presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, poderá contar com o apoio do actual governo brasileiro, garantiu o chefe de Estado do Brasil, Lula da Silva, em mensagem enviada hoje ao ex-bispo católico que saiu vitorioso das eleições de domingo.
"No período de mudanças que se anuncia, Vossa Excelência poderá contar com o apoio solidário e a amizade do Brasil e do meu Governo", diz a mensagem de Lula da Silva, enviada de Acra, onde participa na XII Conferência da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD).
Lula da Silva felicitou Fernando Lugo pela vitória e apresentou "calorosos votos de êxito à frente dos destinos do Paraguai".
Na avaliação do sociólogo e analista político brasileiro António Flávio Testa, a eleição de Lugo não vai representar qualquer crise na relação entre o Brasil e o Paraguai.
"A economia paraguaia está muito interligada à brasileira e Lugo vai querer aproximar-se do Brasil", afirmou o Professor da Universidade de Brasília (UnB) à agência Lusa .
Questionado sobre as propostas do candidato da Aliança Patriótica para a Mudança (APC) em relação à revisão do contrato de Itaipu com o Brasil e aos chamados "brasiguaios", António Testa acredita que Brasília vai negociar bem estes dois pontos com o Paraguai.
"Da mesma forma que o Brasil superou a crise com a Bolívia de forma equilibrada, vai negociar com o Paraguai para atender às suas reivindicações sem ferir a soberania brasileira. O Itamaraty (sede do Ministério das Relações Exteriores) faz esse tipo de negociações com competência", salientou.
Durante a campanha eleitoral, Lugo disse que fará a revisão do contrato, assinado em 1973, que dispõe sobre a energia eléctrica produzida pela Usina Binacional de Itaipu, na fronteira do Paraná com o Paraguai.
Segundo o acordo, a hidro-eléctrica pertence igualmente aos dois países mas mais de 90 por cento da energia produzida é absorvida pelo Brasil, que compra o excedente ao Paraguai.
A reclamação de Lugo é que a energia vendida pelos paraguaios está com um preço muito aquém de mercado, o que prejudica a já debilitada economia do país.
Outro ponto enfatizado por Fernando Lugo é a reforma agrária, o que poderá atingir muitos brasileiros que vivem no Paraguai.
Estima-se que o número dos "brasiguaios" actualmente ultrapasse os 300 mil, sendo que a maioria são donos de grandes fazendas de soja e de gado.
"O Brasil vai negociar um preço mais justo para a energia que compra aos paraguaios e deverá haver também uma negociação para a legalização dos brasiguaios, já que as empresas de agro-business interessam à estrutura fundiária do país", destacou Testa.
"Os problemas mais sérios entre os dois países não são estes e sim a regularização do comércio, com o combate à pirataria e o combate ao narcotráfico, que têm interesse mundial", acrescentou.
Para o Professor da UnB, Lugo assemelha-se ao presidente da Bolívia, Evo Morales, e vai fazer diferença no jogo político do Paraguai, onde conseguiu reunir na APC nove partidos políticos e 20 organizações sociais para pôr fim à maior hegemonia de uma aliança partidária (Colorado) no mundo.
CMC.
RTP, 21/04/2008
"No período de mudanças que se anuncia, Vossa Excelência poderá contar com o apoio solidário e a amizade do Brasil e do meu Governo", diz a mensagem de Lula da Silva, enviada de Acra, onde participa na XII Conferência da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD).
Lula da Silva felicitou Fernando Lugo pela vitória e apresentou "calorosos votos de êxito à frente dos destinos do Paraguai".
Na avaliação do sociólogo e analista político brasileiro António Flávio Testa, a eleição de Lugo não vai representar qualquer crise na relação entre o Brasil e o Paraguai.
"A economia paraguaia está muito interligada à brasileira e Lugo vai querer aproximar-se do Brasil", afirmou o Professor da Universidade de Brasília (UnB) à agência Lusa .
Questionado sobre as propostas do candidato da Aliança Patriótica para a Mudança (APC) em relação à revisão do contrato de Itaipu com o Brasil e aos chamados "brasiguaios", António Testa acredita que Brasília vai negociar bem estes dois pontos com o Paraguai.
"Da mesma forma que o Brasil superou a crise com a Bolívia de forma equilibrada, vai negociar com o Paraguai para atender às suas reivindicações sem ferir a soberania brasileira. O Itamaraty (sede do Ministério das Relações Exteriores) faz esse tipo de negociações com competência", salientou.
Durante a campanha eleitoral, Lugo disse que fará a revisão do contrato, assinado em 1973, que dispõe sobre a energia eléctrica produzida pela Usina Binacional de Itaipu, na fronteira do Paraná com o Paraguai.
Segundo o acordo, a hidro-eléctrica pertence igualmente aos dois países mas mais de 90 por cento da energia produzida é absorvida pelo Brasil, que compra o excedente ao Paraguai.
A reclamação de Lugo é que a energia vendida pelos paraguaios está com um preço muito aquém de mercado, o que prejudica a já debilitada economia do país.
Outro ponto enfatizado por Fernando Lugo é a reforma agrária, o que poderá atingir muitos brasileiros que vivem no Paraguai.
Estima-se que o número dos "brasiguaios" actualmente ultrapasse os 300 mil, sendo que a maioria são donos de grandes fazendas de soja e de gado.
"O Brasil vai negociar um preço mais justo para a energia que compra aos paraguaios e deverá haver também uma negociação para a legalização dos brasiguaios, já que as empresas de agro-business interessam à estrutura fundiária do país", destacou Testa.
"Os problemas mais sérios entre os dois países não são estes e sim a regularização do comércio, com o combate à pirataria e o combate ao narcotráfico, que têm interesse mundial", acrescentou.
Para o Professor da UnB, Lugo assemelha-se ao presidente da Bolívia, Evo Morales, e vai fazer diferença no jogo político do Paraguai, onde conseguiu reunir na APC nove partidos políticos e 20 organizações sociais para pôr fim à maior hegemonia de uma aliança partidária (Colorado) no mundo.
CMC.
RTP, 21/04/2008
Comentários