A quantidade não pode ser o único critério
Quando se trata de avaliar o trabalho de uma pessoa, a quantidade é apenas um dos critérios - e o menos importante quando comparado com a qualidade. O busílis dos processos de avaliação reside exactamente neste pressuposto. A quantidade é um dado objectivo facilmente mensurável. A qualidade não.
Este princípio basilar, que é o alfa e o ómega na avaliação das empresas privadas, tem de ser levado em conta pelo Estado nesta hora em que acertadamente decidiu que não é justo tratar da mesma maneira todos os trabalhadores que fazem parte da sua lista de pagamentos. Os que produzem mais e melhor têm de ser premiados e os que se esforçam pouco devem ser penalizados.
Num sector particularmente crítico, o da investigação criminal, o Governo prepara-se para introduzir um critério essencialmente quantitativo na avaliação dos 1330 inspectores da Polícia Judiciária, o que deve ser olhado com apreensão pelos cidadãos dadas as consequências gravosas que se adivinham. O Ministério da Justiça está a preparar um novo sistema de avaliação, a apresentar até Outubro, na Assembleia da República, que favorece a progressão na carreira dos inspectores que maior quantidade de acusações conseguirem.
Este primado da quantidade é completamente injusto e perigoso, como nota Carlos Anjos, o presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal. Carlos Anjos lembra que ele e outros inspectores estiveram cerca de dois anos a investigar um único e denso caso de crime económico (Portucale), ao lado de colegas que no mesmo período de tempo despacharam dezenas de processos mais fáceis de investigar.
Só este exemplo basta para obrigar o ministro Alberto Costa a reflectir bem antes de apresentar no Parlamento a proposta de novo sistema de avaliação dos inspectores da PJ.
Comentários