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Timor: Eleições antecipadas em 2009?

"Regresso fisicamente preparado a 90 por cento"

17.04.2008, Adelino Gomes

Ramos-Horta regressa a Timor com uma prioridade: retomar o diálogo com os partidos sobre eleições antecipadas em 2009

Numa entrevista por telefone, horas antes da partida de Darwin para Díli, Ramos-Horta disse querer retomar o diálogo com os partidos no ponto em que se encontrava antes do atentado de 11 de Fevereiro - na exigência de eleições antecipadas, feita pela Fretilin.

Chega a Díli dentro de poucas horas. O que pensa dizer ao povo e aos deputados?

Primeiro vou felicitar o Presidente interino [Fernando "Lasama" de Araújo] pela serenidade com que assumiu as rédeas do país. Felicitarei também os deputados e partidos que têm sabido manter-se unidos, e em particular o povo timorense. Não houve incidentes desde a tentativa de assassinato. O povo mostrou maturidade. À medida que a investigação progride, começa a fazer sentido: liquidando Ramos-Horta e Xanana Gusmão, o país podia entrar em caos e isso servia certos interesses [Reinado e a sua amiga Angelita Pires tinham uma conta de um milhão de dólares na Austrália e elementos do Kopassus, forças especiais indonésias, estariam ligados aos atentados, disse Horta à Lusa, pouco antes].

Vai chamar Gastão Salsinha, para que se entregue?

Se ele não tiver sido apanhado ou não se tiver entregado, darei um prazo para que o faça. Não tem que o fazer a mim; pode entregar--se a um padre, aos bispos. Será transportado para a Presidência e dali o procurador-geral da República, o tribunal toma conta.

E quanto à lentidão da investigação [dos atentados]?

Não as acho tão lentas. Recebi informações do procurador-geral da República e da comissão de investigação. Dizem que o mais tardar em Julho têm o dossier completo. Estas informações tranquilizam-me. É necessário agir com prudência. Tem que se ir ao fundo e apurar todos os envolvidos directa ou indirectamente, quer internos quer externos.

Disse que queria convocar eleições antecipadas em 2009.

Nunca dei tal informação. O que disse foi que, se os partidos com assento no Parlamento concordassem com eleições antecipadas, uma exigência da Fretilin, obviamente eu não ia opor-me. Não se dissolve o Parlamento por dá cá aquela palha.

Qual é a sua medida prioritária para que o país entre na via da segurança e da prosperidade?

Vou continuar o diálogo, ouvindo as lideranças da Fretilin e da AMP [Aliança para a Maioria Parlamentar, no poder]. Pela primeira vez pus todos sentados à minha volta. A Fretilin queria um mecanismo que a envolvesse na resolução do caso de Alfredo Reinado - está resolvido; no caso dos peticionários - está em curso; no processo dos deslocados; na reforma judicial, da defesa e segurança. O único ponto controverso é a exigência de eleições antecipadas. Chegaremos a consenso.

Diz que vai retomar de imediato as funções. Sente-se física e psicologicamente preparado?

Fisicamente estou preparado, eu diria, a 80/90 por cento. Ainda tenho dores, resultado dos nervos que foram afectados e que levam tempo a sarar. Emocionalmente, só posso dizer depois de regressar.

PÚBLICO, 17/04/2008

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