Avançar para o conteúdo principal

Carlos Reis, o professor missionário


Um grande português da estirpe dos portugueses do século XVI encontra-se em Timor desde o ano de 2000 a ajudar a reintroduzir a língua portuguesa. Foi professor de língua portuguesa contratado pelo Ministério da Educação português até o ano de 2002, não tendo sido reconduzido porque, entretando, se alteraram as regras de concurso pela tutela com o fito de afastar os docentes contestatários que fizeram algumas greves em Díli, no Bairro nº 1 da Cooperação portuguesa, por discordarem da política do ensino de portugês seguida pelos senhores da então Missão Portuguesa.

Regressou a Timor, por sua conta e risco, em finais de Agosto de 2002, passando a residir em Manatuto como um qualquer timorense, partilhando com eles todas as dificuldades e contrariedades da vida. Nesta vila, fundou a única biblioteca existente com a contribuição de particulares em livros e em outros materiais didácticos. Promove nas instalações da biblioteca eventos ligados à difusão da língua portuguesa e dá aulas de português a jovens e crianças.

Todas estas louváveis actividades não foram (são?) apoiadas pela Embaixada Portuguesa de Díli.

Um à parte: Os medíocres, quando ocupam cargos em que podem decidir, detestam o mérito, têm inveja dos bons e mordem a canela dos melhores.

Conhecendo o bom trabalho desenvolvido por este grande português, o então chefe do Departamento de Língua Portuguesa, da Faculdade de Ciências da Educação, Universidade Nacional de Timor Lorosa'e, propôs, em documento escrito, ao Instituto Camões contratá-lo para leccionar no Curso de Licenciatura de Língua Portuguesa e Culturas Lusófonas. Houve alguma renitência em convidá-lo, mas ao fim de alguns meses de meditação e reflexão (e feito o exame de consciência) decidiu, em Novembro de 2004, contratá-lo. E em Agosto deste ano de 2008, a actual chefe do Departamento de Língua Portuguesa / Instituto Camões propôs a sua não recondução, ou melhor, propôs o seu despedimento, embora o leitorado continuar a necessitar de um docente para leccionar a cadeira de Língua Portuguesa, Gestão Escolar e outras então a cargo deste professor. É incompreensível!

Apesar de tudo este professor continua em Timor.

Está agora a trabalhar num grande projecto para o re-implantação de língua portuguesa em Timor: fundar uma escola exclusivamente leccionada em português desde o ensino primário. A começar com uma turma. Com um único professor. E com a prata da casa: ele próprio, Carlos Reis. Numas instalações incendiadas pelos indonésios em 1999, que vão ser arranjadas com o dinheiro do seu próprio bolso, suas magras economias.

Faço um apelo aos meus leitores (professores, arquitectos, autarcas e outros profissionais) para ajudarem a erguer a projectada escola, dentro das suas possibilidades.

Deixo aqui o seu contacto:

Viva a Língua Portuguesa.

Abaixo os medíocres e prepotentes.

Comentários

Anónimo disse…
Solidariedade!
Coloquei um post no blog Uma Lulik (APELO!) e passarei a ideia aos meus amigos e conhecidos.
Força!
Sebastião disse…
À Moriae,

OBRIGRADO por esta cadeia de apelo e solidariedade ao professor Carlos Reis.

Pela Língua Porguesa em Timor.

Abraço, Sebastião.
Anónimo disse…
Sebastião,

solidariedade ... é a palavra mais bonita que conheço nos últimos tempos ...

Abraço,
M.
Anónimo disse…
Espero que tenha havido algum feed-back. Infelizmente duvido. Tal como os dicionários para Timor ... Mas há-que continuar de modo solidário e a par do que de bem se tenta fazer.
Unknown disse…
Este comentário foi removido pelo autor.

Mensagens populares deste blogue

23/01: o modelo ADD do ME pode vir a ser suspenso!

Paulo Portas - no seu discurso de encerramento do Congresso do CDS-PP - solicitou ao Secretário-geral do Partido Socialista José Sócrates para conceder liberdade de voto aos deputados da bancada do PS na votação da proposta do seu partido do diploma de um novo modelo de avaliação do desempenho docente agendada para dia 23/01, 6ª feira.

Governo PS dos Açores suspendeu a ADD!!

O governo do Partido Socialista dos Açores suspendeu o modelo de avaliação do desempenho de professores imposto pela equipa da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, substituindo-o por um modelo simplificado de avaliação. Mais: vai 'reconstruir' a carreira dos docentes contando também para a progressão da carreira os dois anos e quatro meses congelados pela 'reforma' do PM Sócrates.. A questão que se impõe agora é a seguinte: A República Portuguesa é ou não um Estado Unitário?!