Solidariedade acompanhou a pequena Natália, 10 anos, desde as montanhas até Portugal
2008-08-01
MANUEL VITORINO
A pequena Natália tem um rosto triste, olhos do fim do mundo. Vivia com os sete irmãos nos arredores de Timor e, há muito tempo, padecia de um tumor cerebral. Graças ao apoio de gente solidária, foi transferida, anteontem, para o Hospital S. João, no Porto, para ser operada.
Se a solidariedade faz mover montanhas e não tem limites, então a história de Natália, 10 anos, aluna da Congregação de Santa Rafaela Maria, em Timor, poderá traduzir-se numa vida diferente e voltar novamente a sorrir. "Ela andava sempre com os olhos inchados, vermelhos e tinha comichão. Não tinha vontade de brincar com os irmãos", conta Plagio Aparício, 45 anos, agricultor, vindo de Timor no avião fretado pela GNR (que terminou mais uma missão em Díli) junto à Unidade de Hematonlogia Pediátrica do Hospital de S. João, no Porto.
No seu dialecto soltam-se palavras em português à mistura com outras em dialecto local. Transporta, no entanto, "confiança e fé" na cura da filha e, sem rodeios, diz ter sido uma "grande sorte" ter apanhado gente boa e interessada na pequena Natália. "Os sintomas da doença foram detectados por uma religiosa. Mais tarde, conseguiu levar lá a minha casa, nas montanhas, um médico. Deus esteve sempre do nosso lado", diz.
Há mais gente a partilhar a dor da família Plagio. Como em Díli falta tudo, inclusivé equipamentos cirúrgicos, o médico Paulo Grilo, do navio hospital norte-americano "Usns Mercy", interessou-se pelo caso e conseguiu "rapidamente" a realização dos exames clínicos, entre os quais uma TAC, considerada imprescindível para avaliar o estado do tumor.
A bordo do "Usns Mercy", o enfermeiro Emanuel Garcês, em comissão de serviço do HSJ do Porto, faz o resto, ou seja, contacta a administração do referido estabelecimento hospitalar e receve luz verde para acompanhar e prestar todo o apoio humanitário à pequena Natália. "Houve uma corrente solidária. Foi uma sorte o avião da missão da GNR ter estado de regresso a Portugal, mas, caso tal não sucedesse, o Hospital suportava as despesas de transporte", disse uma fonte hospitalar.
Mal refeito do choque da viagem e ainda cansado devido às "muitas horas de voo", o agricultor começou a redescobrir outro mundo. "Acredito que a minha filha vai ser curada. Na Austrália, os médicos, não detectaram nada. Aqui em Portugal estamos a ser bem tratados. Acredito na cura da minha filha. Tenho fé", repete.
O mesmo sentimento foi partilhado, ao JN, pela médica Maria João Gil da Costa, oncololista pediátrica do HSJ. "A menina tem um craneofaringioma e em princípio tem cura. A taxa de sucesso ronda os 100%. O problema não está na operação cirúrgica, mas sim nos problemas e nas sequelas que poderão acontecer após a intervenção. Vamos estar confiantes", sublinhou.
Enquanto tal não acontece, Natália descansa numa cama cheia de bonecos de peluche rodeada de mil cuidados, mimos do pesssoal médico e de enfermagem.
Jornal de Notícias
2008-08-01
MANUEL VITORINO
A pequena Natália tem um rosto triste, olhos do fim do mundo. Vivia com os sete irmãos nos arredores de Timor e, há muito tempo, padecia de um tumor cerebral. Graças ao apoio de gente solidária, foi transferida, anteontem, para o Hospital S. João, no Porto, para ser operada.
Se a solidariedade faz mover montanhas e não tem limites, então a história de Natália, 10 anos, aluna da Congregação de Santa Rafaela Maria, em Timor, poderá traduzir-se numa vida diferente e voltar novamente a sorrir. "Ela andava sempre com os olhos inchados, vermelhos e tinha comichão. Não tinha vontade de brincar com os irmãos", conta Plagio Aparício, 45 anos, agricultor, vindo de Timor no avião fretado pela GNR (que terminou mais uma missão em Díli) junto à Unidade de Hematonlogia Pediátrica do Hospital de S. João, no Porto.
No seu dialecto soltam-se palavras em português à mistura com outras em dialecto local. Transporta, no entanto, "confiança e fé" na cura da filha e, sem rodeios, diz ter sido uma "grande sorte" ter apanhado gente boa e interessada na pequena Natália. "Os sintomas da doença foram detectados por uma religiosa. Mais tarde, conseguiu levar lá a minha casa, nas montanhas, um médico. Deus esteve sempre do nosso lado", diz.
Há mais gente a partilhar a dor da família Plagio. Como em Díli falta tudo, inclusivé equipamentos cirúrgicos, o médico Paulo Grilo, do navio hospital norte-americano "Usns Mercy", interessou-se pelo caso e conseguiu "rapidamente" a realização dos exames clínicos, entre os quais uma TAC, considerada imprescindível para avaliar o estado do tumor.
A bordo do "Usns Mercy", o enfermeiro Emanuel Garcês, em comissão de serviço do HSJ do Porto, faz o resto, ou seja, contacta a administração do referido estabelecimento hospitalar e receve luz verde para acompanhar e prestar todo o apoio humanitário à pequena Natália. "Houve uma corrente solidária. Foi uma sorte o avião da missão da GNR ter estado de regresso a Portugal, mas, caso tal não sucedesse, o Hospital suportava as despesas de transporte", disse uma fonte hospitalar.
Mal refeito do choque da viagem e ainda cansado devido às "muitas horas de voo", o agricultor começou a redescobrir outro mundo. "Acredito que a minha filha vai ser curada. Na Austrália, os médicos, não detectaram nada. Aqui em Portugal estamos a ser bem tratados. Acredito na cura da minha filha. Tenho fé", repete.
O mesmo sentimento foi partilhado, ao JN, pela médica Maria João Gil da Costa, oncololista pediátrica do HSJ. "A menina tem um craneofaringioma e em princípio tem cura. A taxa de sucesso ronda os 100%. O problema não está na operação cirúrgica, mas sim nos problemas e nas sequelas que poderão acontecer após a intervenção. Vamos estar confiantes", sublinhou.
Enquanto tal não acontece, Natália descansa numa cama cheia de bonecos de peluche rodeada de mil cuidados, mimos do pesssoal médico e de enfermagem.
Jornal de Notícias
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